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terça-feira, 15 de julho de 2008

CONGRESSO: A EDUCAÇÃO HOJE

O cerrado ataque à Universidade da Madeira é explicável à luz de outros elementos. Há, de facto, um divórcio entre a Secretaria da Educação e a instituição universitária. Não é por acaso que a Direcção Regional da Educação promoverá, a 8/9 de Setembro próximo, um Congresso subordinado ao tema A EDUCAÇÃO HOJE. E ao contrário de se apoiar no Departamento de Ciências de Educação da Universidade da Madeira, com vários doutorados e trabalhos de excelência produzidos, resolveu entregar a organização à Revista Itinerários do Instituto Superior de Ciências Educativas, sediada em Odivelas. Na Comissão Científica está o Director Regional de Educação mas, da Universidade da Madeira, foram "dispensados" aqueles que bons contributos poderiam emprestar. Percebe-se, portanto, o alcance político da iniciativa.
E pergunto? Em tempo de vacas magras, num tempo que os estabelecimentos de ensino se debatem com tantas carências, para quê este Congresso? Não seria melhor aproveitar, estudar e aplicar as centenas de propostas que saíram do recente Congresso do Sindicato de Professores?
Obviamente que não, porque a esta Secretaria Regional interessa-lhe, apenas, ouvir aquilo que quer ouvir. Este Congresso está, assim, condenado! É a voz do dono que ali estará. Não a voz da Educação.

3 comentários:

Ilidio Sousa disse...

Sobre ostrabalhos do Departamento de Ciências de Educação da Universidade da Madeira. Li recentemente a noticia di Diário sobre os 71% sem Ensino Secundário e como não tenho todo o tempo do mundo, peguei apenas nos valores de um ano (Censos 2001, que julgo não serem muito diferente dos restantes anos) e até se situa sensivelmente ao meio da série de anos analisada, fui verificar a veracidade e consistência dos mesmos, pois pareciam-me absurdos.
Acabei por ter a seguinte surpresa:

A- Total de Jovens em idade de frequentar o Ens. Sec.: 23491
B- Total de Jovens com o Ens. Sec. (completo): 726
C- Total de Jovens a frequentar o Ens. Sec.: 8288
D- Total de Jovens com o Ens. Sec. Incompleto: 1151
E- Total de Jovens a frequentar o Ens. Superior:1948

Se considerar-mos
B+C+D+E = 12113 Alunos
Significa, efectivamente, que apenas 51,56% dos jovens em idade para frequentar o Ensino Secundário, frequentam ou frequentaram, esse nível de ensino.


Porém, verifiquei que subitamente tinham desaparecido das estatísticas um número demasiado elevado de alunos, após algumas pesquisas pelos meus arquivos descobri que, neste raciocínio (e provavelmente no referido estudo) não foram incluídos os alunos que, tendo entre 15 e 20 anos frequentam outros níveis de ensino, anteriores ao secundário.

E obviamente esse número não pode ser desprezado pois é significativo. Vejamos então esses valores:

Alunos entre 15 e 20 anos no 1º Ciclo: 83
Alunos entre 15 e 20 anos no 2º Ciclo: 250
Alunos entre 15 e 20 anos no 3º Ciclo: 3756
Alunos entre 15 e 20 anos no Ensino Alternativo: 374
Total: 4463 (que não foram contabilizados)

Se refizermos as contas, atendendo aos 12113 alunos considerados, acrescendo os 4463 alunos não considerados, obteremos um total de 16576 alunos entre os 15 e os 20 anos que frequentam ou frequentaram o Ensino Secundário.
Assim, a percentagem dos jovens em idade de frequentar o Ensino Secundário, que efectivamente o fazem ou fizeram é de 70,56%, o que altera por completo todos os cálculos posteriores.

Posto isto, não me debruçarei mais sobre o assunto. Pois, tendo apenas dedicado duas horas a esta mediática noticia, não percebo como tal estudo pôde passar pelo crivo do Júri e pelos orientadores de Doutoramento.

Pelos vistos, o ensino superior também não goza de boa saúde!!! Mas isso é outra conversa.
Só tenho pena que outros não façam como eu e verifiquem os dados antes de opinar, em jornais, blogues etc…

André Escórcio disse...

Se goza ou não de boa saúde é caso para ser analisado. Aliás, as Universidades estão sujeitas a uma avaliação externa. Relativamente ao trabalho da investigadora, aguarde pela sua publicação e aí terá a possibilidade de confrontar a sua posição com a da investigadora. De uma coisa estou certo: é que o Departamento de Ciências de Educação é credível e os seus principais responsáveis são Doutorados de grande prestígio, alguns dos quais que são orientadores de Mestrados e Doutoramentos no Continente, no Brasil e no México. E torna-se necessário respeitá-los sob pena de não defendermos o prestígio da nossa universidade.

Ilidio Sousa disse...

Que o ensino superior não goza de boa saúde é mais do que óbvio, basta para analisar as declarações dos Reitores, as dificuldades financeiras conhecidas, as queixas de professores universitários, as confusões com Bolonha, etc...etc,etc… Quanto à sua competência não tenho dúvidas em afirmar que é enorme. Porém, tal como o comum dos mortais, não estão isentos de erros. Só acho estranho que com tanto alarido, à volta deste estudo, ele ainda não tenha sido divulgado na íntegra. Confesso que estou curioso. Mas até lá, farei a análise baseado nos dados que disponho, tal como todos o têm feito.
Os números têm esta beleza, dão para muitas interpretações, quer se goste, quer não. Até ver esse estudo, confio mais na minha análise dos dados, coisa que muitos não fazem. Fiam-se na imprensa.