Ontem produzi duas intervenções na Assembleia no âmbito da política educativa. Em uma delas, a propósito da violência na Escola, sublinhei: "(...) e a gravidade do que está a acontecer só se resolve ou esbate com políticas integradas de envolvimento de múltiplas instituições. Mais do que atacar, isoladamente, um ou outro problema, a solução está, certamente: nas políticas de família, nas políticas de trabalho, emprego e justa remuneração, num tecido empresarial forte, nas políticas de acompanhamento social, na substancial redução do número de alunos por escola, na redução do número de alunos por turma, no aumento da oferta de cursos profissionalizantes, num novo e mais lato conceito de autonomia dos estabelecimentos de ensino, na desburocratização do sistema libertando os professores para melhor pensarem a escola no seu todo, na diferenciação pedagógica entre escolas e, entre muitos outros, nas políticas de acção social escolar (...)".
De imediato ouvi uma conhecida voz da maioria dizer: "SONHADOR... SONHADOR".
Não repliquei mas confesso que, no plano político, fiquei entusiasmado. No essencial, aquele comentário poderá ter duas leituras em simultâneo: por um lado, o autor terá confirmado que aquele texto encaixava como uma luva na realidade local; por outro, se o governo e a maioria não se mexem no sentido de romper com o quadro que é por demais evidente, é porque lhes interessa manter esta situação. Pode ser perversa esta minha leitura, mas quando damos conta da incultura que por aí vai correndo ao lado da incapacidade para mudar as regras do jogo político-social que justificam, pelo menos em parte, as retumbantes vitórias eleitorais, então, penso eu, a palavra sonhador explica tudo.
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