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sexta-feira, 18 de julho de 2008

UMa TESE... E O SECRETÁRIO INSISTE!

O Secretário da Educação resolveu, hoje, publicar uma extensa justificação sobre a Tese de Doutoramento da Professora Liliana Rodrigues. Mete-se pelo desprestigiante caminho do contra-ataque. Trata-se de uma resposta que não adianta nada. Pelo contrário, enterra-o cada vez mais. As esfarrapadas justificações e a mistificação dos 114.000 alunos que não completaram o secundário (como se ele não soubesse que aqueles são números brutos), a par de outras considerações que não abonam nada a política educativa regional, acabam por denunciar o seu próprio desconforto pelo incómodo político gerado por uma investigação que colocou a nú a realidade regional, numa terra em que o governo só apregoa sucesso.
Ademais, a questão central continua a ser a do ataque a uma instituição que deveria ser prestigiada, a uma orientação científica que não deveria ser posta em causa, nem um jurí de cinco Professores Doutores que, deduz-se da posição do Secretário, foi leviano ao aprovar esta Tese. Tão grave quanto isto, a de meter ao barulho "profissionais de estatística que fizeram questão de dizer que nada tiveram a ver com aquele estudo" (seria interessante saber quem são e que empresas representam) e, ainda "dos professores da UMa que deram os parabéns à SREC por ter tido a coragem de não "comer e calar"" (teria sido nobre assumir a que departamentos pertencem esses professores e que relações têm com a Secretaria Regional).
Mas tão grave quanto isto é a leviandade da Presidência do Governo, constante do comunicado de ontem, quando afirma que há "(...) certos trabalhos académicos cuja qualidade é aferida apenas pelos votos de outros graduados pelo próprio sistema" (...) que não têm qualidade e institucionalizam "o círculo vicioso e medíocre". Isto é muito grave quando se sabe que, entre 2004 e 2008, o número de Doutores passou de 40,21% para 72,35% do total dos docentes, o que significa que dos 183 docentes, 133 são doutorados. A presidência do Governo tem, por isso, a obrigação de provar o que diz e aos doutorados, para salvaguarda do seu prestígio, deverão exigir da Presidência as provas dos favorecimentos. Mas duvido que o façam.

8 comentários:

Anónimo disse...

O que é isso de números brutos?
Em que universidade e cadeira de estatística isso se sustenta?
Não são brutos ou meios brutos. É um erro gigantesco e de palmatória. Digno de um chumbo (e não só para a autora).
Falta-nos aqui um parecer concreto da UMA (qualquer gabinete de estatística ou matemática) a validar estes (brutos) números e não números brutos.
Mas alguém defende os números? Não. Só o Sr. Professor. Não se acha isolado?

André Escórcio disse...

Por uma questão de princípio e de responsabilidade, tenho de defender que uma tese de doutoramento está subordinada ao rigor metodológico da investigação produzida e que os Orientadores Científicos são académicos qualificados. Ademais, um juri, formado por cinco doutorados, deve ser respeitado nas decisões que toma. Colocar tudo isto em causa significa colocar toda a instituição universitária numa situação desprestigiante.
Aliás, o trabalho está publicado, pode ser consultado e, porque o li, não tenho razões para sertir-me isolado.
Só uma nota final: não conheço a Professora Liliana Rodrigues e apenas me move o respeito pelos percursos académicos. Eu sei o que isso significa, porque fui docente durante quase nove anos na UMa e fiz o Mestrado na Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa. Sei, por isso, o que é uma investigação e os pressupostos que a enformam.

Anónimo disse...

De acordo. Mas tudo isso valida os números contestados?
Essa dos números brutos não existe.
E será como no futebol onde bastam as camisolas para ganhar jogos?
Não é preciso jogar?
Basta o peso das camisolas...
Ou seja, voltemos à questão: os números.

André Escórcio disse...

Respeito todas as posições sobre esta matéria, mas penso que não nos devemos fixar numa só palavra. O importante é a investigação que foi realizada e contextualizá-la no significado que ela transporta. Constitui um termo menos académico, talvez, mas estou certo que sabe o que a palavra em questão significa perante o estudo que foi realizado.
E digo mais: a palavra em questão até nem é minha, pertence a um doutorado da UMa que muito considero e muito próximo está da Cátedra.
De resto, os números derivam de documentos oficiais e eu que há muito, humildemente, me dedico às questões da Educação, sinceramente, não fiquei espantado com os resultados apresentados. E o futuro o dirá. Aliás, a Região, em múltiplos sectores, já está a pagar a factura da ausência de investimento e de rigor na Educação.

Anónimo disse...

Mas ficando provado (como está) que todos esses números estão totalmente errados, como fica essa cátedra toda?
Mais uma vez, ganhar jogos pelo passado das camisolas não é possível.
O Sr. Professor coloca os "t.m.t.s no fogo" só porque toda essa sapiência cobre os números da Tese?
Independentemente dos números correctos não serem números BONS (são iguais aos do resto do País)...
Porque se essa é uma discussão importante (o que fazer - mais - para melhorar) não é o assunto nuclear neste momento.
Provavelmente, a ambição de vir a público com aqueles números (contra o Governo) criou esta situação para os "magníficos universitários".
E agora?
É abafar a situação?
Aproveito para salientar a sua disponibilidade em publicar estes meus comentários no seu blogue o que demonstra uma abertura (democrática) da sua parte.

André Escórcio disse...

A democracia implica aceitar sem reservas os que têm opinião diferente. Obviamente, desde que o debate seja feito com elevação. De resto ninguém é portador da verdade. Há muitas verdades. Temos é de ser honestos com a nossa verdade. Daí que, para mim, seja muito gratificante poder discutir os assuntos de forma aberta mas respeitosa.
E vou-lhe aqui dizer uma coisa: eu sou um dos que têm razões de queixa de algumas pessoas da UMa. Eu não esqueço (mas passo ao lado)algumas situações de natureza política que me criaram entre 1996 e 2000, quando interferi, na qualidade de deputado, na abusiva aquisição de uma quinta em S. Roque, sobretudo pelo valor da aquisição. Cheguei a ter uma reunião com o Secretário de Estado do Ensino Superior. Não conto os pormenores mas facilmente perceberá que a minha vida académica (era essa a minha intenção)começou a andar para trás.
Agora não confundo as questões de natureza política (os Homens são assim)com a credibilidade que devemos, por princípio, reconhecer à instituição universitária e aos que chegaram ao Doutoramento e, vencida essa etapa se dedicam à investigação. E neste pressuposto, continuo a assumir, agora mais do que nunca, depois de ter lido uma parte da Tese, que nós madeirenses não estamos bem na política educativa. Aí é que está a gravidade do problema e não as interpretações de números que só os envolvidos poderão esclarecer melhor.

Anónimo disse...

Eu diría nós os Portugueses não estamos bem.
Mas deve reconhecer que foi o Sr. Professor que (isoladamente) veio referir que o Sr. Secretário insistia pois os números eram brutos. Alertado, percebeu estar sozinho nessa defesa. Depois passou para a sapiência universitária e desviou para a discussão dos números (agora reais) da situação.
Mas foi também o primeiro a colocar em causa as políticas da RAM com base nos números da tese que, escreve, "não estranhou". Mal...

André Escórcio disse...

Sobre esta matéria dou por terminada a minha participação. Aliás, por minha iniciativa, solicitei a presença do Senhor Reitor e do Orientador Científico da referida Tese, numa audição parlamentar. E se o PSD estiver de boa fé certamente que não inviabilizará esta audição.
Mas adianto que aqui, pela minha posição na vida, inclusive, no domínio da vivência democrática, porque não tenho, não utilizo qualquer sapiência universitária.
Oponho-me, com dados, aí sim, à política educativa regional onde os indicadores são claros e preocupantes. Meu caro, ponto final e foi com muito gosto que debati alguns aspectos.