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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

35.000 ALCOÓLICOS E O NOTÁVEL TRABALHO DA "MÃO AMIGA"

Por iniciativa do Deputado Bernardo Martins, Presidente da Comissão Especializada de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa da Madeira, participei, esta tarde, num encontro com a Associação de Alcoologia "Mão Amiga". Embora já conhecesse, em linhas gerais, o trabalho desta Associação por via da comunicação social, fiquei extremamente bem impressionado com a notável acção que desenvolve na Madeira. Trata-se, de facto, de uma impressionante luta contra o drama de uma Região a braços com 35.000 dependentes do álcool e todas as consequências directas e indirectas derivadas do consumo excessivo. Dir-se-á que por maior que seja o trabalho realizado, a resposta é sempre curta em relação às necessidades.
Este é, na realidade, o principal problema de saúde pública da Madeira, face ao qual as políticas não têm sido eficazes. Hoje, o drama já não se situa, apenas, no consumo excessivo entre os de maior idade, mas num consumo dramático entre a população mais jovem e, particularmente, entre as mulheres. E o grave da situação é que a Lei existe, a proibição está na legislação, mas essa mesma Lei não se aplica e, pior ainda, são ténues os sinais de fiscalização. Por um lado, onde deveríamos ter uma relação de um estabelecimento de venda de bebidas alcoólicas por cada 3.000 habitantes, temos um estabelecimento por cada 100; por outro, sendo proibido o consumo entre os mais jovens, a ganância pelo lucro fácil e a falta de fiscalização têm impedido o corte com esta cultura social da ingestão de bebidas alcoólicas e, consequentemente, o desastre social que está continuadamente a ser gerado. Muito grave o facto dos governantes ainda não se terem apercebido (ou terão?) que entre as receitas dos impostos provenientes do consumo e os encargos directos e indirectos em consequência do consumo, determinam que a aposta seja a do combate e não a da permissão. Ao lado deste aspecto falham, totalmente, as políticas de famílias, a implementação de princípios e de valores, uma sociedade preparada para o combate, a responsabilização dos pais que abandonaram a sua missão de educadores, ajudando com isso, como nos foi dito, ao emergir de uma "sociedade de órfãos". Eles andam por aí, altas horas da madrugada, sem idade para tal, abandonados à sua sorte.
Gostei de ouvir a forma como esta Associação trabalha com os doentes. O anonimato, o envolvimento da família no processo de recuperação, sem internamentos e gastos que, por exemplo, numa Casa de Saúde do Funchal chegam a custar 2.500 a 3.000,00 Euros. Um trabalho verdadeiramente apaixonante, de procura das causas e de actuação na raiz dos problemas. Ali chegam homens e mulheres de todos os extractos sociais, licenciados e pobres, gente que se trata pela via da comunicação, do diálogo fraterno e que não precisa de expor os seus dramas frente aos demais para saírem libertos da escravidão.
Esta visita enriqueceu-me. Parabéns à Mão Amiga. Politicamente, há muito a fazer porque o problema está aí a correr a sociedade.

2 comentários:

Anónimo disse...

na Madeira temos, as megas festas, festas por tudo oe por nada patrocinada por marcas de bebidas alcoolicas, Temos as promoções nas grande superficies onde apenas de destaca bebidas com alcool no lugar dos bens prioritários, temos publicidade com alcool nos orgãos de comunicação social, estamos num permanente cerco com o alcool. Por isso somos todos responsáveis, todos, onde 'meto' os senhores deputados que 'fazem lei' e que permitem que exista uma tasca em cada canto, lado a lado com escolas, que não penaliza nada nem ninguem, a lei existe até está bem feita até mas não é colocada na prática por razões obvias.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
É verdade, somos todos culpados.
Todavia, parece-me evidente que se a fiscalização actuasse com outro rigor, provavelmente, estaríamos numa situação menos grave. Não é possível aceitar, por exemplo, crianças de treze anos em discotecas, que nas festas escolares se venda cerveja e que uma das actividades dos caloiros da UMa seja o "rali das tascas". Há, portanto, muito a fazer e como disse e bem, as medidas passam pela ALM.