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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

OH GENTE INGRATA!

Opinião, da minha autoria, a publicar na próxima e última edição de O DESPORTO MADEIRA (31.12.08)
Soube, há dias, que O Desporto Madeira seria suspenso. Pelo menos esse era ou é o desejo do seu Director. Uma situação que não me apanhou desprevenido. Há muito que adivinhava este desfecho. Como amigo do Eng. Carlos Aguiar sugeri, já lá vão uns cinco ou seis anos, o estudo da venda do título, a distribuição gratuita ou uma parceria com alguma empresa interessada em dinamizá-lo e expandi-lo. Tal não se tornou possível e hoje assiste-se ao ponto final de um título madeirense, facto que me entristece.
É evidente que os títulos só têm razão de ser quando são comercialmente viáveis. E, neste aspecto, sabe-se que o mercado madeirense, desde há muito, evidencia sérias dificuldades para investir em publicidade. Tudo é arrancado a ferros e com uma boa dose de amizade. Mas também sei, através da constatação de muitos anos, que O Desporto Madeira foi veículo promocional do desporto e até meio de propaganda política de governantes e de autarcas do PSD-M. Li, bastas vezes sem o contraditório ou outras posições legítimas em democracia, reportagens e entrevistas, entre outros, com o Secretário Regional da Educação, Presidente do IDRAM, Presidentes de Câmara e até de Juntas de Freguesia, que venderam o seu peixe como quiseram e entenderam, promovendo-se entre os eleitores. São precisamente esses, os que mais beneficiaram da existência deste semanário, que lhe voltam agora as costas. Têm dinheiro para imensos disparates mas fecham os cordões à bolsa quando se trata de garantir, através de alguma publicidade institucional, a promoção da actividade física e do desporto em toda a Região.
Neste aspecto, sempre disse ao Engº Carlos Aguiar que deveria promover uma linha editorial de combate ao desporto que temos em função do desporto que os madeirenses têm direito. Talvez por aí, essa era a minha convicção, o semanário seria respeitado e, porventura, mais lido, alavancando com isso o interesse do sistema empresarial relativamente à publicidade. Essa linha foi abandonada, segundo me apercebi, com o receio que através de meia-dúzia de telefonemas de gente bem colocada, tal opção tornasse pior a emenda que o soneto. Cautelosamente, preferiu o Director navegar em ondas politicamente não conflituais, dando guarida a um sistema que ele sabia que estava a alimentar, mas sabendo também que esse alimento destinava-se a um monstro sem hipóteses de controlo a médio prazo. Exactamente o que está a acontecer. Continuo, por isso, a pensar que se a linha editorial tivesse sido outra, mais agressiva no sentido da análise, o Director tinha sido respeitado e, provavelmente, este desfecho não aconteceria. É uma minha convicção, repito.
Penso que agora é tarde. Ficam para a História do jornalismo madeirense um título com dezasseis anos e mais de 550 edições, feitas com muito sacrifício do seu Director, muito amor e indiscutível dedicação de um corpo de jornalistas e de colaboradores. Mas não deixo de dizer que é absolutamente lamentável, quando o Secretário Regional da Educação faz tanto alarde que o investimento no desporto é gerador de 5,7% (?) de postos de trabalho entre a população activa, não se assista a um passo no sentido da viabilização de O Desporto Madeira e da manutenção dos postos de trabalho. E o que é que está em jogo? Garantir, em pé de igualdade com os restantes órgãos de comunicação social, respeitando a natureza privada da empresa em causa e a sua independência editorial, a publicidade institucional que julgo terem direito. Só isso!
Oh, gente ingrata…

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