Não conheço o funcionamento do "Orfeão Madeirense". A minha análise é, portanto, feita em abstrato. Retenho, apenas, desde a minha juventude o nome da instituição e um pouco da cultura que lá ajudavam a edificar. Custa-me, por isso, aceitar que o Orfeão, fundado há quase noventa anos, esteja, no dizer de uma sua dirigente, "com a corda ao pescoço" (www.dnoticias.pt). Não se justifica que um terço de um contrato-programa assinado com a Direcção Regional de Assuntos Culturais e referente a 2005, ainda esteja por liquidar, segundo foi referido. É inaceitável que tal aconteça porque este tipo de instituições que têm uma história que vem do tempo onde o acesso aos bens culturais era limitadíssimo, deveriam merecer uma melhor protecção e resposta do poder público. Atribuem-se subsídios a toda a gente, subscrevem-se contratos-programa a torto e a direito (vide relação de subsídios atribuídos, no DN de 10 de Março de 2008 - 3,7 milhões de euros em 2007) sem o rigor das prioridades que deveriam ser acauteladas.
Atribuem-se milhões ao associativismo desportivo para a construção das infra-estruturas de prática e as instituições culturais, como é o caso do Orfeão, que transporta uma experiência cultural e vontade em querer ir mais longe na dinamização da cultura, nem sala dispõe para ensaio e actuação.
Apenas este dado: só no ano passado a Fundação Madeira Classic foi apoiada em € 975.498,00 (16% do total do financiamento público a todos os restantes agentes). Uma fundação que deveria, em rigor, ser apoiada, fundamentalmente, através do mecenato. Mas não, criou-se a fundação mas o erário público que pague a factura. As restantes 83 instituições repartiram o resto do bolo. Em contraponto, as Casas do Povo, mais de 40 na Região, levaram uma boa parte do dinheirinho para, entre outras actividades, as festas do limão, da sidra, do pêro, da canção, etc. etc.. Enquanto isto acontece, o Teatro Experimental do Funchal, por exemplo, recebeu € 155.000,00 para desencadear uma actividade que é notável.
Parece-me indiscutível que se impõe um novo desenho e uma nova ordem de prioridades no investimento público ao sector da cultura.
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