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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

UMA CAMPANHA QUE CHEGA AO FIM COM SÓCRATES NA LIDERANÇA

Sobre a candidata do PSD a Primeiro-Ministro, Drª Manuela Ferreira Leite, penso que pouco há a acrescentar. A sua campanha e mais do que isso, a sua afirmação pública, do meu ponto de vista, justifica o motivo pelo qual cada vez mais está distante da possibilidade de discutir a vitória nas eleições do próximo domingo. Pareceu-me sempre uma pessoa apagada, com falta de confiança, com um discurso muito superficial e, sobretudo, um discurso gerador de pânico sobre o que, no seu dizer, aí vem. Pouca importância dou às gaffes e à falta de sentido de oportunidade política (quem as não tem) mas não aceito a ausência de sentido estratégico e de proposta clara sobre o futuro. Uma coisa é dizer que isto anda mal, outra, obviamente, é apontar caminhos com segurança, convicção, sem tabús e que todos percebam. E isso não aconteceu. Desde muito antes da campanha a Drª Manuela Ferreira Leite pareceu-me sempre uma candidata na defensiva, sem argumentos, acabrunhada e repetitiva. E se os estudos de opinião constituem um indicador, apesar de algumas reformas que o governo socialista fez ao longo dos últimos quatro anos e que geraram significativos desconfortos em vários grupos profissionais, a verdade é que, o "povão", por um lado, dá a entender que percebeu o alcance de muitas delas e, por outro, não vê na candidata do PSD capacidade para ficar ao leme desta complexa nau.
Os dados estão pois lançados e, daqui até Domingo, estou convencido que pouco se alterarão. O dia seguinte será, agora, o mais importante. Neste quadro de resultados, com uma diferença de oito pontos percentuais entre os dois maiores partidos (38%/30%) resta ao PS, no sentido da governabilidade, encontrar uma ponte de entendimento com o Bloco de Esquerda que será, tudo indica, a terceira força política. As crispações anteriores têm se ser colocadas à margem e a negociação tem de ser possível, na defesa dos superiores interesses do País. Se aquele for o quadro, portanto, se as sondagens confirmarem-se, não vejo outra alternativa. Com a CDU, talvez, mas estarão nessa disposição? Com ambos tenho sérias dúvidas. Seja como for penso que terá de ser encontrada uma saída com alguma consistência por dois motivos: primeiro, o país não está em condições de dentro de um ou dois anos regressar às urnas e, em segundo lugar, uma coligação com sucesso seria politicamente importante se a esquerda tiver os olhos na Presidência da República, cujas eleições decorrerão dentro de dois anos. Com todas as trapalhadas que temos vindo a assistir será importante colocar em Belém uma outra figura na qual, maioritariamente, os portugueses se revejam.
É claro que, por aqui, haverá ondas de choque. O presidente do PSD-M ainda ontem mostrou-se muito nervoso com aquela hipótese pós-eleitoral. Pareceu-me furioso em cima do palco quando, por exclusão de partes e em função das sondagens, apelou ao Presidente da República para que não permita essa legítima opção de governo à esquerda. Um discurso que, por outras palavras, significou dizer que a Drª Manuela está fora da corrida e que, agora, necessário se torna passar ao plano B, à pressão sobre o Doutor Cavaco no sentido da inviabilização de um qualquer cenário que não lhe convém. De facto, tudo isto está muito interessante. Os próximos dias serão, politicamente, de grande tensão.
O pior disto é que a campanha autárquica sofrerá danos significativos. Muito dificilmente os candidatos, sobretudo os da oposição, em duas semanas, terão tempo para afirmar-se junto das populações. Quem ocupa o poder tem sempre vantagem e quem o disputa precisa de tempo para fazer chegar a mensagem e a credibilidade pessoal. Na próxima semana falar-se-á de rescaldo das legislativas e as Câmaras ficarão para segundo plano. E isto é muito mau porque há Câmaras, várias, a começar pelo Funchal, onde necessário se tornaria uma mudança na orientação política.

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