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sexta-feira, 25 de junho de 2010

PREOCUPANTE, MUITO PREOCUPANTE...


Este governo não tem perdão por aquilo que está a fazer a uma empresa (e a outras empresas de comunicação social não diária - Tribuna da Madeira e Cidade) e aos seus trabalhadores. Apetece-me gritar: meus senhores, tenham vergonha!

A situação do DIÁRIO está cada vez mais complicada. Há muito que o problema é sentido e nele tenho-me empenhado, através do Grupo Parlamentar a que pertenço, no sentido de fazer ver, nas instâncias próprias, a vergonhosa perseguição, de natureza política, movida pelo governo regional da Madeira.
Chamemos as coisas pelo seu próprio nome: é ao governo regional, da responsabilidade do PSD, que todas as responsabilidades devem ser assacadas. Uma história de vários anos com uma estratégia minuciosamente estudada e arquitectada para silenciar o "independente", porque escapa-lhe ao seu controlo. Ali, lá vão saindo primeiras páginas e conteúdos comprometedores da governação, porque ali tem havido espaço para a opinião livre de qualquer quadrante, porque ali há gente de coluna, que pensa pela sua própria cabeça e que não se deixa intimidar pelas pressões venham elas de onde vierem. O DIÁRIO configura a nesga onde ainda é possível respirar a liberdade e o pensamento livre.
E como é assim, qualquer sistema ditatorial que, obviamente, não convive bem com os livres-pensadores, só tem um caminho: o da liquidação lenta, a morte a prazo, a perseguição "inteligente", subreptícia, até o estrebuchar final. Tudo feito de uma forma serena, calculista, fria e assassina. E como? Entregando milhões de todos os contribuintes ao Jornal da Madeira, para a sua própria propaganda e, como se isto não bastasse, disponibilizando, sob a forma de "oferta", 15.000 exemplares diários. Mais, ainda, porque a empresa JM não precisa de dinheiro e, por isso, fazendo "dumping" comercial, compromete todos os órgãos de comunicação que precisam que o mercado funcione em igualdade de circunstâncias. Tudo, maquiavelicamente, calculado.
Dois aspectos deixam-se prostrado:
Primeiro, não entendo o silêncio, o arrastar da situação por parte daqueles que têm o dever e a responsabilidade de actuar: o Conselho da Autoridade da Concorrência, a Entidade Reguladora da Comunicação Social, o Presidente da República, a Assembleia da República e os vários grupos parlamentares. Um silêncio cúmplice, salpicado aqui e ali, com uma insípida actuação.
Segundo, constrange-me ter consciência do sufoco porque passam os profissionais que lá trabalham. Conheço muitos deles por quem nutro respeito, consideração e estima pessoal. Conheço alguns com famílias organizadas e que, de um momento para o outro, sem outra saída possível, serão lançados no desemprego. Tudo porque um homem não abdica da hegemonia política que tem nesta terra. Tritura, leva tudo à sua frente, porque os seus interesses estão em primeiro lugar. Pouco ralado está que, neste processo, tenha as mãos sujas.
E a Constituição da República é clara ao consagrar no Capítulo I (Direitos, liberdades e garantias pessoais) do Título II (Direitos, liberdades e garantias):
"O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de comunicação social perante o poder político e o poder económico, impondo o princípio da especificidade das empresas titulares de órgãos de informação geral, tratando-as e apoiando-as de forma não discriminatória e impedindo a sua concentração, designadamente através de participações múltiplas ou cruzadas".
Está escrito mas constitui letra morta para o Presidente da República e para a Assembleia da República. Nem o facto do Tribunal de Contas criticar o facto do JM ter um défice anual entre três e quatro milhões de euros abala as consciências.
Este governo não tem perdão por aquilo que está a fazer a uma empresa (e a outras empresas de comunicação social não diária - Tribuna da Madeira e Cidade) e aos seus trabalhadores. Apetece-me gritar: meus senhores, tenham vergonha!

2 comentários:

António Trancoso disse...

Meu Caro André Escórcio

Não é meu hábito utilizar a linguagem "vernácula", mas, no caso presente, não resisto a transcrever o insuspeito Moita Flores em "Mataram o Sidónio - pág. 284":
" A malta gosta de viver na merda e de ser governado por ela."
Um bom fim de semana.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu oportuno comentário.