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segunda-feira, 1 de junho de 2015

PSICÓLOGOS E PSIQUIATRAS DIZEM QUE AS CRIANÇAS LEVAM UMA VIDA DE EXECUTIVOS


A edição de hoje do "Jornal de Notícias" traz uma peça que, embora o seu conteúdo não constitua novidade, tem o mérito de tocar na consciência dos decisores políticos que, em matéria de política educativa, muito mal têm feito às crianças. Em síntese os especialistas assumem que as crianças têm uma vida programada até à exaustão. E é verdade. De facto, passam mais horas no "armazém escola" ou condicionadas no seu tempo por ocupações dela resultantes, de que são exemplo os "trabalhos para casa", aos quais se juntam outras actividades complementares, do que um simples trabalhador a quem se exige 35/40 horas de trabalho semanais. No citado jornal, o Psicólogo Manuel Coutinho sublinha que "toda a sua actividade é preenchida até à exaustão, até se faz agenda para os tempos livres que deveriam ser livres". Para Manuel Coutinho a "escola deveria humanizar-se". Ana Vasconcelos, Pedopsiquiatra, defende que "a escola transformou-se num espaço que é mais de avaliação e competição do que de aprendizagem (...) uma criança só aprende se sentir desafio, se se sentir confiante. Se sente medo, se sente a pressão do falhar, bloqueia e não aprende". Manuel Coutinho concorda: "(...) as escolas preparam para ter boas notas, mas não para a vida" (...) preparar para a vida é transmitir valores, é ensinar a pensar e reflectir (...) nem sempre os melhores nomes da História foram os melhores alunos".

Onde está o meu tempo para ser criança?

A propósito, deixo aqui, uma vez mais, um excerto de uma entrevista ao Psicólogo Clínico Eduardo Sá, publicada, já há algum tempo, na Revista Focus: "As crianças estão em vias de extinção (...) cada vez mais as crianças estão a passar por um conjunto de situações que não são muito razoáveis (...) Cada vez mais as crianças não são crianças. As crianças têm hoje uma relação com o brincar que é cada vez mais uma relação de fim-de-semana e brincar é uma actividade muito séria para que seja feita apenas ao fim de semana. Passam cada vez mais horas na escola, o que não é adequado... aquilo que me preocupa é que mais escola, sobretudo como ela está a ser vivida, signifique menos infância e quanto menos infância, mais nos arriscamos a construir pessoas magoadas com a vida. Quanto mais longa e mais rica for a infância mais saudável será a adultez (...) os pais estão muito enganados ao pensarem que mais escola significa mais educação (...) neste momento a infância começa a ser perigosamente a escola e, de repente, há toda uma vertente tecnocrática como se o que estivesse em primeiro lugar fosse toda a formação e depois viver a vida. Isto é um absurdo".
Ora, o caminho que a política educativa segue está completamente errado. Impõe-se a necessidade de uma profunda reflexão que começa, necessariamente, por uma revolução no formato da organização social.
Ilustração: Google Imagens.

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