A recente sondagem da Católica que atribui à Coligação PSD/CDS 38% e 37% ao Partido Socialista fez-me lembrar as sondagens no Reino Unido, que atribuía uma vitória à esquerda, mesmo que escassa, e acabou por se traduzir numa folgadíssima vitória da direita de David Cameron. Para além de uma significativa percentagem de indecisos, presumo que os eleitores devem andar a gozar com as empresas de sondagem. É uma convicção, falível, obviamente, mas que assenta no pressuposto que não existe uma ligação de proximidade entre quem vergasta e a vítima dos golpes duros e sem piedade.
Ainda hoje li um interessante artigo de opinião da jornalista do Público Ana Cristina Pereira, publicado no DN-Madeira, que salienta: "Ouvi pela rádio o debate quinzenal na Assembleia da República. Ia a conduzir como tantas vezes acontece àquela hora e ia tendo um acidente quando ouvi o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, dizer: “As pessoas de rendimentos mais baixos não foram afectadas por cortes nenhuns.” Quem tanto escreve sobre direitos humanos e exclusão social não podia deixar de pensar logo nos cortes no abono de família, nos subsídios de desemprego, no rendimento social de inserção (RSI), no complemento solidário para idosos. E nos cortes na saúde e na educação, inclusive em apoios concretos como a acção social escolar ou a comparticipação de medicamentos. O RSI mostra bem o que aconteceu aos mais pobres dos mais pobres. (...)".
Na mouche! Embora, a agressão não tivesse ficado por aí. Tudo em nome de uma severa austeridade com a promessa de um país com futuro. Dizem a generalidade dos indicadores que não estamos melhores e afirmam, também, os que dedicam a sua vida à solidariedade, que não têm mãos a medir para chegar a todas as carências sentidas. Tudo apesar das privatizações em catadupa e do "brutal aumento de impostos". Perante isto, questiona-se, será possível que os resultados sejam aqueles? Duvido. E isto nada tem a ver com a minha posição partidária. Tem a ver, fundamentalmente, com a realidade. Um povo sujeito a uma austeridade tão violenta e à falsidade das promessas eleitorais em 2011, aos dois partidos, nem aos 10% deveriam chegar. Mas sondagens não são para desvalorizar. Daqui por três meses se saberá a verdade.
Ilustração: Google Imagens.
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