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sexta-feira, 19 de junho de 2015

ESTA MAIORIA NÃO TEM EMENDA


Voltou a abrir a época de caça: chumbo em cima das propostas legislativas. Na Assembleia da Madeira é chumbo atrás de chumbo. O argumento, grosso modo, continua a ser o mesmo: o governo já está a trabalhar nesse assunto. Ponto final. Mudaram umas pessoas, trouxeram para a ribalta nomes que estavam de meia lista para baixo, mas os comportamentos continuam a enfermar dos tiques das maiorias absolutas. Neste caso, mesmo que escassa, vai dando para que a "democracia" funcione na lógica do quero, posso e mando, embora com delicadeza e punhos de renda. Podem ali aparecer propostas de grande interesse, bem estudadas, bem fundamentadas, com sólidos argumentos, mas, das duas uma, ou votam contra a proposta ou votam contra a pessoa ou grupo parlamentar que a apresenta. Há anos que é assim. Sempre com o mesmo falacioso argumento: o secretário tal já está a pensar nisso, já existe uma proposta em formulação, não consta do programa de governo, enfim, mil e uma tretas para liquidá-las, muitas delas portadoras de relevante interesse para a população.


Por aquilo que tem sido público é caso para dizer que os madeirenses e portosantenses foram novamente enganados. Para mim a vida e a vivência democráticas têm de fundar-se em outros pressupostos. Não é que a maioria tenha de ceder a tudo, até porque está legitimada para governar. O povo concedeu-lhe uma maioria absoluta. Por apenas um deputado, mas não deixa de ser absoluta. Não é isso que está em causa, mas o princípio reles que tudo o que vem da oposição tem como destino o caixote de lixo parlamentar. Isso é que é preocupante. Poderiam até disfarçar, fazendo baixar os assuntos às comissões especializadas para estudo e ponderação, todavia, não, é ali, logo à partida, que o problema fica resolvido. Uma chumbada e pronto, assunto  liquidado à nascença. 
A questão, por exemplo, de um complemento de pensão a todos os que vivem abaixo do limiar de pobreza, gente que vive com duzentos/trezentos euros por mês, muitos deles que ajudam filhos desempregados, que deixam os medicamentos no balcão das farmácias e neste quadro real, pergunto, como é possível tanta insensibilidade? Isto quando, diariamente, correm rios de dinheiro para o Jornal da Madeira, para o futebol profissional e para tanta porcaria sem qualquer interesse social? Então uma proposta destas não teria de obrigar a um debate sereno, responsável porque as desigualdades são gritantes? E quando se sabe que quanto maior for a desigualdade menor será o desenvolvimento! Coisa que, aliás, nos Açores, por exemplo, há muitos anos que está resolvida! 
Poucas palavras definem, particularmente, este chumbo: egoísmo, ausência de sensibilidade social e a atitude: eu estou bem os outros que se danem. Há alguma dúvida? Uma maioria que assim se comporta, parece-me que não tem futuro. O mais engraçado é que, transcrevi, a 08 de Março de 2013, uma declaração do líder da bancada parlamentar do PSD, o Deputado Jaime Filipe Ramos: "nenhum deputado desta casa deve fazer política daquilo que é uma desgraça que afecta muitas famílias. Isso é muito mau, é muito mau tentar ganhar votos com o sofrimento das famílias". Pois, o Deputado sabe que o sofrimento existe, mas chumba as propostas para que o sofrimento continue.  
Ilustração: Google Imagens.

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