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segunda-feira, 29 de junho de 2015

CHRISTINE LAGARDE NÃO ESTÁ EM CONDIÇÕES DE SENTIR O DRAMA DOS OUTROS


Por um lado diz-se "desapontada" pelos resultados "inconclusivos", logo depois manda apertar com os gregos; uma vezes diz que a austeridade foi longe de mais, mas logo a seguir pede reformas que vão no sentido da austeridade; em outros momentos salienta a disponibilidade para colaborar com as autoridades gregas, como foram as recentes declarações à BBC, mas logo depois fecha-se ao lembrar que os compromissos têm de ser satisfeitos nas datas marcadas. Isto é, parece-me, no plano político, uma barata tonta enfeitada com um lenço Channel.
 

Christine Lagarde, hoje Directora Geral do FMI, tem a escola da direita política. Ela quer lá saber do desastre humanitário grego quando, por um lado, enfrenta a pressão do grande capital especulativo e, por outro, defende o seu rendimento anual LÍQUIDO de € 323.000,00, a que se somam € 58.000,00 para despesas. Será que ela está em condições de sentir como nós o drama dos outros?
O sentimento que tenho é que, face aos desenvolvimentos dos últimos dias, depois da publicação do texto de Varoufakis (sugiro a leitura desse texto que aqui publiquei ontem), quer o FMI, quer as instituições europeias, procuram uma nesga para sair do problema, mas sempre de forma a agravar a situação grega. Evito escrever sobre economia, porque essa não é a minha formação, mas lendo, serenamente, o texto de Varoufakis, publicado no Expresso, percebe-se que há muita porcaria, para não dizer selvajaria política no quadro da ganância que alimenta essa direita. Pessoalmente entendo que esta foi uma CRISE FABRICADA, porque nunca tão poucos ganharam tanto à custa do sacrifício de milhões. Pelo que li, a Grécia não pode ir mais longe, porque isso constituirá repetir o passado. A proposta do seu governo, aliás, já foi longe de mais. É apenas a minha percepção.
Finalmente, este não é um período para fazer humor com determinadas situações, mas Ricardo Araújo Pereira, disse, há já algum tempo, que a pergunta que fazia se estivesse frente a alguém do FMI seria esta: "quando é que eu posso puxar as calças para cima?". Está tudo dito.
Ilustração: Google Imagens.

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