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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

QUE GRANDE CAMBALHOTA!

Segui a entrevista da Senhora Ministra da Educação à RTP1. Nunca, em todos estes anos de política assisti a tamanha cambalhota discursiva. Daquela entrevista à jornalista Judite de Sousa apenas sobressaiu que, afinal, os professores tinham e continuam a ter carradas de razão. Oito meses depois a Ministra veio descobrir que o modelo é impraticável e, vai daí, toca a mexer aqui e acolá, enfim, a simplificá-lo.
Ora, perante tantos meses de teimosia, com duas grandes manifestações, com tanta arrogância à mistura com custos muito significativos para o PS, se dúvidas tivesse, a partir de ontem elas esfumaram-se. Impõe-se pois a rápida substituição desta equipa ministerial e, por extensão, a anulação do processo de avaliação e, mais do que isso, a revisão do próprio Estatuto da Carreira Docente, pois é daí que parte todo o problema.
O PS não pode continuar a hipotecar três actos eleitorais. Já não basta a onda de descontentamento que varre o país em vários sectores, ainda por cima, na Educação, uma figura, com as suas levianas decisões, não só instala o caos nas escolas como coloca em causa um governo inteiro. Não percebo quem a aguenta na 5 de Outubro mas, hoje, politicamente, depois da assunção dos erros do modelo, inclusive, técnicos, só lhe resta uma hipótese politicamente digna, colocar o lugar à disposição do primeiro-ministro.
O Professor José António Mascarenhas assina, na edição de ontem do jornal Cidade, um artigo de opinião cujo tema central é a avaliação do desempenho docente. Quando, por aí, vários comentadores, alguns levianamente, atribuíram a polémica da avaliação ao facto dos professores não quererem ser avaliados, é sempre bom ler um professor sublinhar:
"(...) eu acredito que a maioria dos professores quer ser avaliada. Mas a avaliação dos docentes exige um modelo que respeite a especificidade da nossa profissão. Sim, eu quero ser avaliado e que o meu trabalho, o meu esforço e as minhas competências sejam reconhecidas! Mas, exijo que tal se faça com objectividade, com transparência e equidade (...) sim, eu quero uma avaliação justa, que distinga o trigo do joio, mas creio que o modelo que a ministra quer impor não o consegue fazer, pois este modelo de avaliação tem apenas um único objectivo: garantir que a esmagadora maioria dos docentes nunca chegará ao topo da carreira".

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Escórcio
Infelizmente, desde Sottomayor Cardia, a classe Docente parece ser o Inimigo de Estimação do Partido Socialista.
A actual Ministra,porém, conseguiu ultrapassar,negativamente, todos os limites,tanto da sensatez como da tolerância democrática,tão propaladas por Mário Soares.
A conivência, do chefe de governo, com a sustentação desta situação dramática(bem como de outras,que, aqui e agora, escuso comentar) levam-me a aventar da hipótese da tomada do poder por um bando de "toupeiras".
De facto,nenhuma oposição(designadamente da Direita)faria um trabalho tão demolidor, como o que, de motu próprio,está a ser levado a cabo por esta equipa ministerial.
Exceptuando algumas vozes,bradando no deserto, como a sua,de Manuel Alegre e poucas mais, pergunta-se:
Por onde anda a crítica e democrática vigilância,num Partido com tamanho pendor nacional?!
Algo terá apodrecido,e não estou a referir-me ao Reino da Dinamarca...
Um abraço.

Anónimo disse...

Nâo tenho religião nem filiação partidária. Já agora, nem sou adepto de qualquer clube de futebol. Por isso, tenho apenas de prestar contas à minha própria consciência. E é somente ela que me faz falar.
Politicamente, coloco-me firmemente contra os abusos do poder, venham eles donde vierem.
Por isso, não me causa qualquer mossa o facto de esta desastrada ministra (que, quanto a asneiras, não está só no elenco governativo) contribuir para um desastre nas eleições que se avizinham.
Até me agradaria muito uma estrondosa derrota eleitoral para o partido do Governo.
Tudo porque estes governantes, mostrando uma total insensibilidade para as reais dificuldades dos cidadãos mais desprotegidos, apostaram numa feroz política de confronto. Estão a patentear uma clara intenção de quebrar a espinha dorsal a tudo e todos que tenham alguma capacidade de se defender.
É que, uma coisa é fazer reformas, outra é ser, uma mera comissão liquidatária do Estado.