Não deixa de ser muito preocupante o facto do governo regional da Madeira ter ido à banca contrair um empréstimo de 50 milhões de euros, a fim de pagar sobretudo os salários da função pública, relativamente aos meses de Novembro, Dezembro e 13º mês. Trata-se de um empréstimo de curto prazo para fazer face a dificuldades de tesouraria, mas não deixa de ser um sinal de que alguma coisa está a falhar.
Esta situação, tornada pública na edição de hoje do jornal "Público", é geradora de uma significativa preocupação pelas naturais reacções em cadeia que possam vir a acontecer. Quando uma situação destas se verifica, qualquer pessoa com um mínimo de bom senso tende a retrair-se no consumo. E a verdade é que a Madeira tem mais de 25.000 funcionários públicos. E esse numeroso grupo, obviamente, num quadro destes, começará a pensar, face ao descalabro das finanças regionais, com cerca de três mil milhões de dívida, no que poderá vir a acontecer a curto ou médio prazo. E se esta retracção se confirmar, por falta de confiança na Administração Pública Regional, todo o tecido empresarial sentirá as consequências da imagem que o governo está a transmitir. E, assim, provavelmente, o que acontecerá será menos investimento, menos consumo e, logicamente, maiores dificuldades para o já complexo e difícil comércio regional.
A Madeira começa a pagar os erros das políticas seguidas durante os anos de "vacas gordas". Inauguraram muito, o importante e o dispensável, e hoje, em tempo de "vacas magras", ao nível internacional, nacional e regional, a crise, provavelmente, chegará a todos, sobretudo àqueles que menos têm. Uma situação destas é preocupante, muito preocupante, e não vejo neste governo capacidade e dinâmica para inverter o rumo. Tem legitimidade para governar mas já não o fôlego de outros tempos. É por isso tempo deste governo partir, porque TUDO TEM O SEU TEMPO E ESTE GOVERNO JÁ TEVE O SEU.
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