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terça-feira, 4 de novembro de 2008

ASSIM, NÃO É POSSÍVEL EDUCAR

Acabo de assistir, através do Jornal das 9 da RTP, a uma situação verdadeiramente inaudita. Por ocasião da inauguração da Escola Básica da Lombada, o Presidente do Governo Regional, numa passagem do seu discurso, perante professores, crianças e, certamente, encarregados de educação, disse ter saudades de uma vaia e que, a última, tinha sido no Estádio dos Barreiros, há uns anos. Pelas saudades que tinha pediu aos presentes, olhando para os meninos, que o apupassem. E seguiu-se uma vaia. Atrás, estavam o Secretário da Educação e o Secretário do Equipamento Social, o primeiro, pareceu-me incomodado, o segundo, com um sorriso de orelha a orelha.
Ora bem, apenas assisti a uma parte. Aquela que a RTP mostrou. Desconheço, portanto o contexto. Mas seja qual for o contexto, não deixo de dizer que, assim, não é possível educar. Há tempos, em Câmara de Lobos, olhou para um estudante que lhe disse ter perdido o ano e despachou: eu também perdi três e sou presidente do governo; há duas semanas, numa outra escola, pela imagem, foi perceptível o gesto de Bordalo Pinheiro como negação a qualquer coisa que estava a dizer e agora pede aos alunos para o apupar. Como é que é possível educar com exemplos destes? Que dirá um professor a uma turma que resolva vaiá-lo dentro da sala de aula? Que exemplos de rigor, disciplina, boas maneiras, delicadeza no trato, imagem e responsabilidade estão a ser dadas quando a referência máxima de um governo tem atitudes destas?
Confesso que estou desolado. Assim, não é possível educar. Atitudes aquelas é que, de facto, "abandalham o ensino".

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