Não faz qualquer sentido a reclamação do grupo parlamentar do PSD sobre a cobertura jornalística das sessões plenárias da Assembleia Legislativa da Madeira. Aliás, é um absurdo colocar num dos pratos da balança os tempos do PSD e do governo e, no outro, a oposição toda junta. Na oposição existem seis partidos, três dos quais constituídos em grupo parlamentar. Ademais, seis partidos com bases ideológicas e programas distintos e, portanto, com discursos diferentes. Subsiste, ainda, um outro aspecto, o facto de uma redacção de um qualquer órgão de comunicação social não ser obrigada a fazer a cobertura do nada, do vazio, da intervenção que nada acrescenta, dando a todos um tempinho de palco. No caso da RTP, aliás, comum a todos os órgãos, ao espectador, leitor ou ouvinte, interessa-lhe perceber o importante e não o marginal, aquilo que mexe com a sua vida e não os "fait divers" parlamentares, a intervenção com consistência e não a baboseirada, o projecto com interesse e não a proposta de trazer por casa. Por outro lado, os critérios editoriais não pertencem aos partidos ou às restantes organizações sociais, nem as agendas devem ser feitas de fora para dentro. O que se exige a todos por igual, e não apenas no cumprimento do serviço público, é que a informação seja isenta, plural, de rigor e qualidade, repeitadora de princípios deontológicos. Tudo isto envolvido em honestidade. Mais, ao jornalista não se pede que diga a verdade, mas que seja honesto com a sua verdade. Simplesmente porque há muitas verdades.
O que o grupo parlamentar do PSD deveria exigir e a RTP "obrigada" a cumprir é o debate dos dossiês da governação entre poder e oposição. Não faz sentido, passados tantos anos (nem no período eleitoral) e no quadro da informação não diária, toda a Região não poder assistir a um debate, por exemplo, entre o presidente do governo com o líder da oposição (ou na qualidade de candidatos), entre os líderes dos partidos com os secretários regionais e, entre muitas outras situações, os trabalhos das comissões especializadas do parlamento. O que o grupo parlamentar do PSD deveria exigir, por seriedade e respeito pela Democracia, era a suspensão das inaugurações um mês antes dos actos eleitorais (como aconteceu, recentemente, nos Açores), para que, em tempo de campanha, um serviço de notícias não tenha de incluir duas ou três peças de inaugurações (governo) e depois abrir um espaço destinado à reportagem de campanha. Mas aí, o grupo parlamentar do PSD não reclama, não considera incorrecta e injusta a informação desigual quando todos, repito, todos devem estar em pé de igualdade na afirmação dos seus projectos.
Nota:
Atrasar cinco minutos a transmissão on-line das imagens das sessões parlamentares, não resolve o que, por vezes, se passa no parlamento. A imagem pública do parlamento não melhora por essa via, simplesmente porque os diversos órgãos de comunicação social acabam por transmitir e levar mundo fora o que lá acontece. Trata-se de uma decisão que não resolve o problema de fundo. Quando muito, varre para debaixo do tapete e apenas por cinco minutos a verdade do parlamento regional.
2 comentários:
Senhor Professor
Essa cambada,vazia de ideias mas cheia de oportunistas interesses,cobre a Madeira de ridículo,transformando-a em motivo do anedotário e da risota nacionais.
Desesperadamente, tudo fazem para esconder as suas miseráveis desvergonhas.
Por enquanto,mesmo na "sua Madeira Nova", sem o sucesso que o "seu saudoso Estado Novo" alcançava com o "lápis azul".
Para quando o fim do gangsterismo político?
Esta a questão que angustia a gente não alienada(pela espetada e vinho seco)desta terra.
Já Agora poque razão o PS com maioria Absoluta não legisla para que o governo suspenda funções em tempo eleitoral, cumprindo apenas com as questões correntes , não deixando aos Jornalistas o ònus de ter ou não que cobrir as inaugurações. Vejamos o que vai acontecer com Sácrates no próximo ano. César deu exemplo... aguardemos
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