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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

NEM O 25 DE ABRIL PASSA NA ASSEMBLEIA

Pede-se tolerância, compostura, dignidade, respeito, estudo e profundidade naquilo que se apresenta a debate na Assembleia Legislativa da Madeira. Até sã convivência entre deputados no pós-plenário é pedido. Proclama-se que, antigamente, isso era possível e que agora não! Pois é, deveria ser assim, concordo, porque uma coisa é o debate político das ideias, frontal e empenhado, outra, a atitude educada e de cordialidade na relação entre pessoas.
Indiscutivelmente, seria o desejável mas de todo impossível. A Assembleia está radicalizada entre uns e outros. Uns, os da maioria, que obedecendo a ordens externas, ditas em alto e bom som, que o verbo chumbar é o único possível face às propostas da oposição; outros, os da oposição, que estudam e preparam documentos, muitos deles de grande oportunidade em vários campos, acabam por ver tudo, mas tudo, atirado para o cesto dos papéis. Na voragem de uma lógica de poder absoluto, a cegueira é tal que nem conta alguns dão que é possível muitas propostas baixarem às comissões especializadas, aí serem trabalhadas e apresentadas como legislação produzida pela Assembleia.
Este ambiente, compaginado com o sistemático uso da palavra, não para discutir assuntos da Região e que a Autonomia os deve solucionar, mas para massacrar o Governo da República com textos que, muitos deles, rigorosamente nada nos dizem, este ambiente, repito, compaginado ainda com atitudes e palavras marginais ao debate, palavras e expressões que ofendem, magoam e que estão muito para além do humor corrosivo que qualquer parlamento é fértil, é evidente que só pode conduzir à sua degradação e à hostilidade entre as pessoas.
É evidente que maioria tem um mandato colectivo para governar e esse mandato tem de ser respeitado. Mas mandam os princípios da Democracia que os outros, mandatados que também estão para levar a debate assuntos constantes dos seus programas eleitorais, sejam escutados e as suas propostas aproveitadas, sempre que possível e sempre que acrescentem valor. Simplesmente porque é o Povo que está em causa, o seu bem-estar a todos os níveis da intervenção política, quer seja no domínio económico, organização social ou cultural.
Ora, isto não acontece. Esta manhã foi mais uma de chumbos a propostas que deveriam ser pensadas, amadurecidas, reflectidas e, finalmente, decididas. Chumba-se e pronto, assunto resolvido. Até um projecto, porventura pacífico, que instituía uma sessão solene comemorativa do 25 de Abril (BE) foi chumbada. O 25 de Abril, aquele que permitiu a existência da Democracia, da Liberdade, da construção da Autonomia, da Região possuir órgãos de governo próprio, orçamento próprio, políticas próprias, aquele 25 de Abril que veio libertar o Povo de centenas de anos de chapéu na mão e curvado ao Terreiro do Paço, que veio libertar um Povo vítima do isolamento, um 25 de Abril que permitiu muita gente aproveitar "oportunidades" e enriquecer, pois este 25 de Abril libertador também recebeu um chumbo. Choca-me!
Volto ao princípio: tolerância, compostura, dignidade, respeito, estudo e profundidade naquilo que se apresenta, pergunto, como(?) se a maioria não dá um passo! Enquanto a maioria não entender que a oposição, no plano discursivo, pela função que desempenha, de fiscalizadora dos actos do governo, tem de ser aquilo que a maioria não quer que seja, óbvia e lamentavelmente prevejo que o ambiente na Assembleia estará em progressiva degradação. E isso não bom nem para a imagem do Parlamento nem para a Região e o seu Povo.

2 comentários:

Anónimo disse...

À primeira vista, a arrogância da bancada Laranja parece inadmissível. Mas não nos deve surpreender, porque, em todas as sessões inaugurais das legislaturas, a criatura que chefia essa bancada explica, sem margens para dúvidas, que vai ser assim.
É obviamente um gesto cruel que pretende unicamente humilhar as oposições.
Por isso, sou de opinião que deveriam ser, de imediato, exigidas desculpas pela ofensa. E, caso não sejam apresentadas, os deputados ofendidos deveriam abandonar os trabalhos até que a tal criatura se retractasse.
Ao não abandonarem a Assembleia, as oposições tornam-se coniventes com a palhaçada. E perdem uma oportunidade brilhante de deixar a maioria a falar sozinha.

Anónimo disse...

Caro Adré Escórcio
Já aqui foi dito que quem não se respeita, não pode respeitar os outros.
A Revolução de Abril, para essa gentinha, mais não foi que um euro-milhões!
Sem Ela, nunca lhes seria permitido ultrapassar uma contida e triste mediania ou, no caso mais gritante, o balcão de uma falida Casa de Ferragens.
Até o Reizete, embora acarinhado e protegido pelo titio, quando muito,talvez o viesse a substituir na Assembleia Nacional, tendo em consideração a sua expressa, reverencial e notória fidelidade ao Estado Novo.
À Generosidade de Abril, correspondem com a Ingratidão, consubstanciada no mais estúpido e alienado ódio.
Neste domínio, razão tinha o controverso NIETZSCHE, quando afirmou:

"Dar uma esmola a um pobre, é criar um inimigo."

Será preciso melhor exemplo?!
Não me parece.

Nesta ordem de ideias, também lamento que, a Oposição, com a sua presença, legitime toda a sorte de atropelos à Norma Democrática, e se conforme com a enormidade das carroceiradas de que é,sistematicamente,alvo.
Não vai sendo tempo de,peremptoriamente, demonstrar a um Povo,culturalmente recuado,a iníqua realidade?!
É que, esse mesmo Povo há muito interiorizou o velho adágio:

"Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és."

Assim...

Um bom fim de semana.