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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A URGÊNCIA NA DIGNIFICAÇÃO DO PARLAMENTO

O que se passou esta manhã no Parlamento Regional é de todo inadmissível. No final de uma intervenção, o Deputado do PND desfraldou uma bandeira com a cruz suástica, símbolo do regime nazi. De imediato os trabalhos foram suspensos.
Desde logo quero, de forma muito clara, condenar esta forma de fazer política. Não é aceitável. É inadmissível. Não apenas pelo facto de ser proibida a utilização de tais símbolos, mas pela desproporção e equivalência do que se passa na Madeira com a História do regime nazi. O que aqui se passa, concretamente, a claustrofobia política na Região e ausência de democraticidade, tem de ser combatida através da palavra, com decência, respeito pelas instituições e com muita, muita paciência. Virá o dia, estou certo, que outros actores políticos assumirão responsabilidades na governação. Foi assim em todo o lado. Até nos regimes mais ditatoriais. Que custa muito aceitar determinadas formas de actuação, não tenho a mínima dúvida; que este poder já deu tudo quanto tinha para dar, obviamente, que concordo; que o Povo madeirense ainda não se deu conta da realidade económica, social e cultural e que sofrerá com o actual estado da Região durante muitos anos, é evidente que sim. Todavia, as instituições têm de funcionar com o respeito lhes é devido, para mais tratando-se, neste caso, do primeiro órgão de governo próprio.
Esta situação vivida na Assembleia, no fundo, só vem dar trunfos ao Dr. Jardim quando junto da população menospreza o Parlamento Regional e bastas vezes o caracteriza de uma forma inaudita. A oposição não se pode esquecer que a população, na sua generalidade, não conhece nem domina os contornos da actividade política regional, que ela está anestesiada e que transporta e suporta a cruz da vida com resignação e fatalismo. Esta população ao olhar para as imagens da Assembleia, aquelas que lhe entram casa adentro obviamente que tenderá a solidarizar-se com o Dr. Jardim. No fundo ele é que é o centro das obras públicas e não a Assembleia. Portanto, isola-o, fá-lo crescer e sentir-se cada vez mais rei numa terra de cegos. Sendo assim, aquele tipo de intervenção política do deputado do PND acaba por ser extremamente perigosa para a própria oposição.
Mas também há que o dizer, em jeito de reflexão, que aquele tipo de manifestação constitui a consequência de muita coisa que vem de longe, de muito vento semeado e de uma radicalização imposta pela maioria. É sensível, está aos olhos de todos, que este poder tem uma tendência ditatorial, ofende, espezinha e cria situações (não só as regimentais) potencialmente geradoras de mal-estar. Estes 32 anos de Democracia estão cheios de exemplos muito negativos que não abonam nada uma vivência balizada pelo respeito e por princípios e valores entre o poder e as oposições. E pior do que isso são os ódios que se estão a fermentar e que podem tornar-se problemáticos a curto ou médio prazo.
Notas:
1. Concordo, totalmente, com a posição assumida pelo Presidente da Assembleia, que disse ir estudar, a frio, o que se passou. Discordo da proposta do grupo parlamentar do PSD que, ao requerer uma série de imediatas medidas contra o deputado em causa, acabou por criar uma situação muito embaraçosa ao Presidente do Parlamento.
2. Aconselho a leitura da intervenção do líder do grupo parlamentar do PS-M, proferida momentos antes do incidente. Ajuda a compreender muita coisa do funcionamento do Parlamento. Aqui.

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