Mais três milhões de euros gastos em areia amarela na praia de Machico. É quanto custam 24 mil toneladas da areia vinda de Marrocos. Fora o resto, naturalmente. E para quê? Apenas para gáudio de um Secretário que, certamente, gosta de areia, de muita areia, e de mais uns quantos amigos de duvidoso gosto. A ordem é, claramente, tornar igual aquilo que deveria manter-se diferente. Agora é Machico, logo a seguir será a Praia Formosa (por algum motivo assim se chama). E ser diferente exigiria a substancial melhoria da acessibilidade à praia, daquela e de outras, é certo, mas mantendo as características. É isso que se vê por aí fora onde o rigor impera. De resto, algumas praias, por exemplo, de Canárias (certamente a fonte inspiradora) não são exemplo para nada, até porque as lógicas em que assenta o turismo são bem diferentes.
Mas independentemente da areia, o que mais revolta é num tempo de carências tão graves e, por extensão, de amiudados choradinhos contra a República que corta nas transferências financeiras (o que constitui uma história mal contada), o governo deitar ao mar três milhões de euros que muita falta fazem noutros sectores e áreas de actividade. É o Estádio do Marítimo que vai custar cerca de 50 milhões, agora é a praia de Machico e assim vamos, todos os meses, contabilizando gastos supérfluos que regiões mais ricas não se dão a luxos dessa natureza. Não se trata de um posicionamento miserabilista mas de uma leitura factual entre as reais necessidades da Região e as apostas políticas que se vão operacionalizando. E o que é estranho, ou talvez não, é que uma significativa parte do Povo aplauda estas situações, o que não deixa de propiciar uma outra interessante leitura.
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