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sábado, 16 de agosto de 2008

A TRANSPARÊNCIA DA POLÍTICA DESPORTIVA E OUTRAS TRANSPARÊNCIAS...

O artigo de opinião do Deputado do PSD-M, Dr. Jaime Lucas, hoje publicado no DN-M, bem poderia assumir o título Com a Verdade me Enganas. De facto, o problema da prática desportiva regional e de todo o associativismo, nunca foi de transparência relativamente aos apoios atribuídos. A existência de onze, doze ou vinte regulamentos que consubstanciem os critérios de apoio, decorrem da própria lei. Se assim não fosse, como já alguém disse, não se trataria de um caso de política mas de polícia. Aliás, o Tribunal de Contas várias vezes chamou a atenção para a lei e para a necessidade de elaboração de contratos-programa de desenvolvimento desportivo, que a lei também define como obrigatórios. Portanto, repito, não se trata de transparência ou de regulamentos. O problema do desporto regional sempre foi de política estratégica, de definição clara do que queremos com o desporto, desde logo, enquanto poderoso meio educativo. É aqui que se devem situar as análises políticas.
É evidente que o Dr. Jaime Lucas, enquanto Deputado, não pode analisar e contar a história toda. O partido e as respectivas lógicas de funcionamento acabam por ser uma mordaça, pelo que, a palavra escrita tem, inevitavelmente, que corresponder ao pensamento do vértice estratégico da respectiva hierarquia política. Por isso mesmo, pinta em cores suaves e até românticas um quadro que constitui um clamoroso erro político toda a actividade desportiva regional. Os números apresentados em vários estudos denunciam isso mesmo, 32 anos depois, uma população analfabeta do ponto de vista desportivo, que ainda não o entende como bem cultural, que vibra, na bancada ou no sofá, com o golo e com os êxitos de alguns, mas não sabe nem compreende (nem tem possibilidades para tal se compaginarmos com outros factores) o valor e o interesse da prática física e desportiva. E assim se foram mais de 200 milhões de euros em sete anos.
Numa Região pobre, dependente, cheia de carências a variadíssimos níveis, o desporto só pode ser a primeira das segundas necessidades. O que o Dr. Jaime Lucas vem dizer, no essencial, é o contrário do que deveria constituir a aposta política. Fala de transparência financeira mas tudo o resto é opaco. Preferia ouvir a sua opinião sobre, por exemplo, o facto de 77% dos madeirenses, entre os 15 e os 74 anos de idade não terem qualquer tipo de actividade física e dos 23% que praticam, apenas 8% terem uma regularidade de três vezes por semana.

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