Impressionou-me a leitura de duas notícias dos Jogos. Por um lado a fantástica vitória do norte-americano Michael Phelps, na prova dos 100 metros mariposa, onde conseguiu a sétima medalha de ouro, ganhando, com um escasso centésimo de segundo (50.58/50.59) o sérvio Mirolad Cavic. Esta vitória junta-se a um conjunto de provas que explicam a notável capacidade deste nadador: 200 e 400 estilos, 200 livres, 200 mariposa e estafetas de 4x 100 e 4x200 livres, todas estas as provas de grande exigência (sujeitas a eliminatórias e finais) e com recordes do Mundo. E dentro de horas poderá realizar o sonho da oitava medalha de ouro se ganhar a estafeta de 4x100 estilos.
Com treze medalhas de ouro em três olimpíadas (Sydney, aos 15 anos, Atenas e Pequim), Phelps supera as nove medalhas douradas conquistadas por Carl Lewis no atletismo (em quatro olimpíadas), Mark Spitz, na natação (em duas Olimpíadas), Paavo Nurmi, também no atletismo (em três Olimpíadas) e Larissa Latynina, na ginástica artística (em três Olimpíadas). Em Atenas, Phelps garantiu seis ouros (100m e 200m mariposa, 200m e 400m estilos e estafetas de 4x100m estilos e 4x200m livres). Fantástico!
Uma outra notícia foi a do abandono da alta competição de Francis Obikwelu, após ser eliminado da prova dos 100 metros, na meia-final, onde se classificou em sexto lugar, com 10,10 segundos. Em declarações à comunicação social, disse: “(...) Agradeço a todos, porque estiveram a ver-me na televisão, e peço desculpa. Eu estou a ganhar dinheiro porque o povo português está a pagar para eu estar aqui e não consegui chegar à final. Este é o meu trabalho e queria pelo menos dar uma final aos portugueses”, disse. “(...) Agradeço a todos, porque estiveram a ver-me na televisão, e peço desculpa. Eu estou a ganhar dinheiro porque o povo português está a pagar para eu estar aqui e não consegui chegar à final. Este é o meu trabalho e queria pelo menos dar uma final aos portugueses” (...) “Não quero arranjar desculpas. (...) Foi um momento baixo, não consegui melhorar para estar na final".
Esta declaração de humildade, muito rara em Portugal, só confirma que há muito mais neste Obikwelu do que um atleta de eleição. Tudo tem o seu tempo, Obikwelu, com 29 anos, depois de uma carreira notável e com prestígio a defender, sai de cena com uma declaração que toca o coração dos portugueses; Phelps, de 23 anos, ainda com alguns anos para mostrar ao mundo o seu talento, nas declarações à comunicação social é também de uma impressionante e contagiante humildade. Um e outro merecem consideração e respeito pelo que significam para o desporto.
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