Ontem segui uma entrevista no decorrer do Jornal das 9 da RTP-Madeira. Em causa estiveram os transportes públicos. Não gostei. O jornalista terá sido o melhor por ter despoletado algumas pertinentes questões. Os convidados nem por isso. O Presidente dos Horários do Funchal ficou-se pelo convite a uma maior utilização do transporte público e o Presidente da AREAM (Agência Regional de Energia e Ambiente) não foi muito além da importante questão ambiental e da criação de parques periféricos (park & ride). Todavia, muito pouco face a um problema tão grave e que há mais de quinze anos é, sucessivamente, equacionado por vereadores da oposição e por outros técnicos que estudaram o problema dos transportes e da mobilidade. Portanto, esta não é uma questão nova. É um antigo problema político e de grandes opções estratégicas para a cidade, face às quais não tem existido vontade e sobretudo visão para o resolver. Há muitos anos que se sabe, mesmo sem o estudo de mobilidade concluído, que se torna necessário resolver o problema de uma entrada, na Região, de 8 a 10.000 viaturas por ano. Hoje, na Região, existem cerca de 100.000 viaturas, o que significa que se as juntarmos, em fila, coladas umas às outras, obtemos o equivalente à autoestrada Lisboa-Viana do Castelo. Por aqui se vê a dimensão do problema que aí está por resolver face ao espaço geográfico que dispomos.
A solução, dizem alguns especialistas, passa, globalmente, por oito níveis de intervenção integrada:
1º As ligações horizontais, no eixo de ligação aos concelhos limítrofes (C. de Lobos e Santa Cruz), através do metro de superfície (uma hipótese a considerar, embora cara);
2º A criação do sistema de park & ride em diversos pontos de entrada na cidade;
3º As ligações pendulares, isto é, das diversas freguesias do Funchal aos park & ride e respectiva libertação do centro, fundamentalmente, para transportes públicos e meios de socorro;
4º Implementação de um circuito de transportes escolares;
5º Criação de ciclovias nos três percursos planos do Funchal (Pontinha-Praça da Autonomia; Mercado- Infante; Campo da Barca-Carreira);
6º Aumento dos circuitos pedonais;
7º Uma grande acção de divulgação no sentido de novos hábitos a aprender.
8º Eventualmente, o pagamento de uma taxa de acesso ao centro.
Todas estas acções levam, de forma integrada, anos para cumprir. O certo é que os anos se passam e as medidas políticas não são tomadas, o que tornará, inevitavelmente, o Funchal numa cidade congestionada e tendencialmente poluída. De pouco valerão as soluções pontuais de mais um túnel ou de mais um qualquer acesso.
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