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quinta-feira, 4 de junho de 2009

GENTE INFELIZ... E O FUTURO, MEUS SENHORES?

As campanhas eleitorais, no contacto directo com o povo, mesmo que por momentos, apanham-se histórias e desabatos que me deixam a pensar. Ainda hoje, no regresso do Curral das Freiras, dirigi-me a um homem que, em dois tempos, tentou despachar-me. Um homem, presumo, aí pelos 50 e muitos mas muito gastos. Com poucos dentes lá foi arengando, repetidamente, que "são todos iguais". Fui ouvindo, em silêncio e com paciência, confesso. Ele só falava do "sócras" para cá e "sócras" para lá (referia-se ao primeiro-ministro José Sócrates), que tinha uma hérnia para ser operada há quatro anos, que não era chamado, e que a culpa era do "Sócras" que não mandava dinheiro. Ao ponto de, alguém ao meu lado dizer-lhe que o hospital é da Madeira e que quem lá manda é o governo regional. Mas ele estava na sua, a culpa era do "sócras" e que até "tinha visto isso na televisão". Não valia a pena insistir. Um meu camarada, farto daquela conversa ainda ripostou com humor: "tenho a impressão que você tem é de ser operado aos ouvidos".
Mais lá para trás, no Curral das Freiras, num sítio recôndito, cruzo-me com outro. Falei-lhe da necessidade de ir votar no Domingo porque era importante eleger os deputados ao Parlamento Europeu. Disse-me: "eu não sei nada disso, o que eu sei é ali o tanque da água que a gente bebe está cheio de rãs e ninguém trata daquilo". Penguntei: e já foi à Junta de Freguesia ou à Câmara? Não me respondeu. Voltei às eleições europeias, mas nada, o meu interlocutor não estava para aí virado, não sabia nem manifestava qualquer interesse em saber. Desisti.
O problema é grave. Alguns dirão que é geral país e até por essa Europa fora também é assim. Mas eu insisto, tivessemos nós tido a capacidade de não apenas escolarizar mas sobretudo de EDUCAR, tivesse sido assumida a Educação como prioridade absoluta do governo, não tivesse o governo, subtilmente, castrado a escola, antes a tivesse libertado e, certamente, hoje teríamos uma população mais informada, mais culta e mais desperta para os valores da DEMOCRACIA. O que vejo por aí fora é gente pobre, humilde, triste, inculta e desinteressada, mas embebedada com a "voz do dono" durante anos a fio repetida. Vejo uma escola que não cumpriu o seu dever de abrir as crianças e os jovens ao Mundo; vejo professores que não o souberam ser, ou porque a sua formação inicial não os preparou para essa nobre missão, ou porque o medo deles tomou conta; vejo falar-se tanto do "projecto educativo" dos estabelecimentos de ensino, mas, pergunto, que projecto educativo quando, passados 35 anos, continuamos, generiamente, bloqueados, apavorados, sem capacidade de cruzar a informação e de ter opinião própria.
E aqui, nesta Região, tão pequena, isso teria sido fácil operacionalizar. Tivesse existido bom senso, respeito pelas prioridades e uma grande visão do futuro. Percorreram o caminho ao contrário: primeiro o cimento e, depois, o Homem. Só que o Homem, agora, não só não sabe com utilizar o cimento construído, como não tem opinião sobre quem inverteu a prioridade!

2 comentários:

Unknown disse...

E... "viva a espetada e o vinho seco".Assim tá-se bem."Burros", mas contentes e felizes da vida.

Vilhão Burro disse...

Oh! Senhor José Luís!

Ai...ai,ai...ai,ai!!!

Fique sabendo que os meus compadres já não estão tão contentes e felizes como o senhor diz!
Eu sei que a gente tem a cabeça dura(há até quem diga que somos "Penedos com dois olhos")mas a pobreza começa a apertar as nossas barrigas, e, aí,a coisa pode começar a mudar de figura...