Percorre-me um desconfortável pressentimento que a Região parte, em movimento acelerado, para tempos de caos.
Não se trata de uma pouco cuidada observação ao comportamento dos actores e da história que corre nesta tela da vida colectiva, mas sim de sinais preocupantes, consequência da ligeireza governativa, das características que emanam do discurso político acompanhado ao som da ópera (obra) do malandro. Pouco importa o dramatismo da vida empresarial, espremida e impossibilitada de gerar emprego, por um “capitalismo predador” e por uma “democracia de superfície” na expressão de Baptista Bastos, pouco importa quem passa mal, pouco importa o remoinho em que se está a transformar a vida das pessoas, o desastre do sistema educativo que enfrenta a pobreza de 80.000, pouco importa a sociedade que uns poucos estão a construir desde que se salvem, neste revolto mar de enganos, com riqueza, muitas vezes, mal explicada. É por isso que a expressão dos actos eleitorais, que respeito, pouco me diz, quando conheço os meios abstrusos que se utilizam, manipuladores das consciências desde idades muito jovens, que impedem o pensamento e a participação livre e democrática. E isto preocupa porque não é só a falência das empresas que está em causa mas, pior ainda, a falência do Homem que, inteligentemente anestesiado, não encontra forças para sair do colete em que o envolveram. Não falam da cinzenta realidade sentida, antes a pintam de cores vivas, não falam das políticas económicas que podem reverter e dominar o monstro do desemprego, antes preferem o fait-divers da revisão da Lei das Finanças Regionais e da Constituição da República, dos instrumentos que podem acelerar o movimento Keynesiano gerador de riqueza e bem-estar para os do grupo mas, está visto, com perda de esperança para a maioria.
Manter o poder tornou-se mais importante que o olhar atento para as fragilidades do Povo, desde as suas competências à cultura. "(...) um dos meus melhores trabalhos políticos – disse o presidente do governo – foi ter reduzido (o PS) a um pequeno partido. Dá-me um gozo. É a chamada vingança do chinês". Compreendo, agora, o significado da sua declaração de há dias "(...) não podemos fazer a vontade ao inimigo. Temos de chegar às metas legitimamente sonhadas". Ora, as metas legitimamente sonhadas, naquele pressuposto, não se enquadram no sentido da melhoria do "índice de desenvolvimento humano", uma vez que o seu melhor trabalho político foi e é, deduz-se das suas declarações, por portas travessas, pelo discurso da mentira, pela subtil perseguição, pelo combate e destruição da imagem e credibilidade das pessoas, causar danos políticos no “inimigo”. Essa foi e é a cultura de guerra e a meta "legitimamente sonhada". Pobre o político que assim pensa e actua.
Para quem não faz do exercício da política uma carreira, para quem entende tal participação como um serviço público à comunidade, enquanto português, cidadão livre, aquelas declarações irritam ao ponto de apetecer dar um berro nos seus ouvidos e dizer-lhe, na cara, tudo o que se esconde atrás do biombo do homem que só inaugura. Habituei-me aos disparates que oiço e, não deixando de reflectir sobre as palavras ditas, felizmente, consigo que elas passem por mim como a água nas penas de um pato.

Manter o poder tornou-se mais importante que o olhar atento para as fragilidades do Povo, desde as suas competências à cultura. "(...) um dos meus melhores trabalhos políticos – disse o presidente do governo – foi ter reduzido (o PS) a um pequeno partido. Dá-me um gozo. É a chamada vingança do chinês". Compreendo, agora, o significado da sua declaração de há dias "(...) não podemos fazer a vontade ao inimigo. Temos de chegar às metas legitimamente sonhadas". Ora, as metas legitimamente sonhadas, naquele pressuposto, não se enquadram no sentido da melhoria do "índice de desenvolvimento humano", uma vez que o seu melhor trabalho político foi e é, deduz-se das suas declarações, por portas travessas, pelo discurso da mentira, pela subtil perseguição, pelo combate e destruição da imagem e credibilidade das pessoas, causar danos políticos no “inimigo”. Essa foi e é a cultura de guerra e a meta "legitimamente sonhada". Pobre o político que assim pensa e actua.
Para quem não faz do exercício da política uma carreira, para quem entende tal participação como um serviço público à comunidade, enquanto português, cidadão livre, aquelas declarações irritam ao ponto de apetecer dar um berro nos seus ouvidos e dizer-lhe, na cara, tudo o que se esconde atrás do biombo do homem que só inaugura. Habituei-me aos disparates que oiço e, não deixando de reflectir sobre as palavras ditas, felizmente, consigo que elas passem por mim como a água nas penas de um pato.
De resto, muito mal vai um líder quando, indecorosamente, sublinha a sua sede de "vingança" (de quê, pergunto) e o "gozo" que lhe proporciona atacar uma instituição que lhe deveria merecer respeito democrático. Explica-se pelo facto de nunca querer comemorar o 25 de Abril!
Nota:
Artigo de opinião, da minha autoria, publicado na edição de hoje do DN-M