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sábado, 7 de agosto de 2010

UM PACTO EDUCATIVO PARA O FUTURO


Rotula-se, deprecia-se, esmaga-se pelo grotesco das palavras ditas e escritas, mas não se apontam caminhos, não se fundamentam as "teses", não se discutem os percursos, os apaniguados do sistema apenas apontam as armas e disparam. Nada presta, tudo é utópico, a culpa é do Continente e da Constituição da República, aplicam chavões facilmente assimiláveis pela maioria do Povo, do tipo, "facilitismos à moda socialista", numa conjugação acéfala e comprometedora do futuro. Mas isso pouco lhes interessa.



Tenho achado interessante o facto de alguns dos meus interlocutores que vão deixando comentários ao que aqui vou escrevendo, sublinharem, nem sempre de forma elegante, que eu, em primeiro lugar, devo influenciar os “meus correligionários do Continente” em matéria de política educativa, sob pena de nada se poder fazer na Região e, por isso, as minhas posições constituírem meros, inconsequentes e utópicos desabafos. Que não passam disso mesmo, de utopias e de descontextualizações sem sentido. As palavras não são estas, mas o sentido é este. Acho interessante, repito. Poucos, muito poucos, saltam para o campo do debate, com outras e fundamentadas posições, com outros olhares, discordando ou concordando, pelo contrário, colam-me a um partido, rotulam-me e passam ao lado do essencial, exactamente, se aquilo que escrevo tem ou não consistência, se é ou não exequível, se constitui ou não um caminho, se devemos ou não mudar o sistema e, se sim, em que sentido.
Fico com a ideia que, para alguns, o Partido é mais importante que o Sistema Educativo. Partidarizam a Educação quando ela deve ser Politizada. Porque assim penso, por diversas vezes, na Assembleia Legislativa da Madeira, falei da necessidade de UM PACTO EDUCATIVO PARA O FUTURO, onde os partidos se sentissem impelidos a convergir naquilo que é fundamental. Inclusive, o PSD-M, com maioria absoluta, o que não significa ter razão absoluta. Falo de um PACTO, exactamente pela necessidade de nos colocarmos de acordo com a essência do problema(as), de deixar de lado o acessório e de partirmos ao encontro de uma matriz portadora de futuro.
Estou a ler, neste momento, um livro de Maria do Carmo Vieira, Licenciada em Filologia Românica e Mestre em Literatura de Viagens, autora da Obra “O Ensino do Português”, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. A páginas tantas, no quadro de um enquadramento histórico do sistema educativo, nos primórdios da viragem para a Democracia (1974), a autora refere: “(…) quem ousou pensar e argumentar, usando o seu espírito crítico e a sua experiência profissional, foi de imediato acusado de ser "catastrofista", "individualista", "fascista", e "elitista", mas também "comunista" e "extremista" num emaranhado de cognomes controversos que não tinham outro objectivo que o de assinalar, demagogicamente, o opositor (...) A atitude de rotular alguém com a finalidade de o isolar, é, com efeito, uma característica muito própria de espíritos muito pouco democráticos e incapazes de argumentar fundamentadamente".
É isso que continua a acontecer. Rotula-se, deprecia-se, esmaga-se pelo grotesco das palavras ditas e escritas, mas não se apontam caminhos, não se fundamentam as "teses", não se discutem os percursos, os apaniguados do sistema apenas apontam as armas e disparam. Nada presta, tudo é utópico, a culpa é do Continente e da Constituição da República, aplicam chavões facilmente assimiláveis pela maioria do Povo, do tipo, "facilitismos à moda socialista", numa conjugação acéfala e comprometedora do futuro. Mas isso pouco lhes interessa. O que está em causa é mater o sistema como está e dar sinais ao "chefe" que ele e só ele manda e que a coluna vertebral e o livre-pensamento que se "lixem", permitam-me a palavra.
Estão enganados. Há momentos neste campeonato da vida que jogar fora é mais importante do que jogar em casa. Percebam isso, em função do mal que estão a fazer à Madeira.
Ilustração: Google Imagens.

6 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Antes de se discutirem as metodologias, deve-se identificar o problema. E tudo indica que o problema reside na determinação dos governantes actuais, independentemente do partido, querem acabar com o Ensino público. Irão apenas manter um sucedâneo muito "científico" para alimentar as famigeradas estatísticas. Isto porque não há dinheiro para tal, porque não interessa uma população culta e com espírito crítico, ou ambas as coisas.
Sendo assim, esta discussão, com anónimos ou identificados,serve apenas para decidir em que nádega vamos apanhar o pontapé. Mas este, ao menos, é mais que certo.

Um abraço

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Todos sabemos que há sérias tentativas de acabar com o ensino público. Eu luto por um ensino público, universal e gratuito. Não tendencialmente gratuito como diz a Constituição, mas GRATUITO. O futuro de qualquer país cimenta-se na EDUCAÇÃO e na CULTURA. Esse é o principal investimento para que possa haver não apenas crescimento mas sobretudo DESENVOLVIMENTO. E também pela Educação e pela Cultura que as maiorias não se eternizam no poder.
Concordo com o seu comentário.
Um abraço.

Alçada2526 disse...

Aí estamos de acordo. Maria de Lurdes e agora a escritora Isabel Alçada (a das turmas de 25/26 alunos) fazem esse esforço socialista de acabar com o ensino em Portugal.
Caber-lhe-ia a si, actuar, primeiro dentro do seu partido para impedir isso (através do seu Regime) e para ganhar alguma credibilidade para o mesmo que sugere - confortavelmente sem ter que o aplicar - que (outros) apliquem.
Ora, alguns dos seus desejos vertidos no seu Regime são atractivos e até desejáveis. Tal como turmas com 12 alunos. Tal como o seria uma proposta de redução do trabalho para metade e aumento de ordenados para o dobro.
Só que isso partiria tudo...
Qualquer socialista poderia propor isso. Qualquer comunista até poderia decidir isso. Mas não estaria lá para recolher os "cacos" que sobrariam da decisão.
A verdade é que as coisas lindas e idealistas propostas não têm qualquer aplicação no momento. Não há sequer recursos para manter o que se faz hoje.
Contribuições válidas seriam aquelas que, mudando, trouxessem menos custos do que os actuais. Tudo o mais são idealismos socialistas. A tal sociedade irreal e impossível que caíu em 1989 com o muro de Berlim.
Como é possível que vinte e um anos depois ainda se acha que o socialismo é caminho para alguma coisa?
Só se for para a mediocridade geral. Não obrigado.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Primeiro, nunca foi propuz turmas de 12 alunos. Em segundo lugar, a pergunta que se coloca penso ser esta: que razões o leva a não defender a Madeira e o seu futuro, deixando-se enlear por processos que estão a mais de 1000 km de distância? Que razões o levam a não defender a regionalização e a AUTONOMIA desta terra?
Depois, deixo o convite que já fiz a um outro leitor que aqui deixou um comentário: o meu Caro sabe quem eu sou, identifique-se, abertamente, pois estou disponível, pertença a que partido pertencer, para vir tomar um café, uma refeição qualquer e aí discutirmos, olhos nos olhos, as questões da Educação. Eu estou disponível porque o PS, para mim, é um instrumento (apenas) para desenvolver uma política. Nunca vivi à sombra da política.

Alçada2526 disse...

Nada disso. Não confunda. Os processos a 1000Km são os processos socialistas. Que são a aplicação em concreto à educação do que fazem os socialistas quando passam à decisão, quando têm o poder. Por muitas promessas e idealismos apresentem quando estão (comodamente) na oposição, depois, é o que se vê.
Gostaria de não me interessar nada com o que fazem os socialistas no Continente. Mas isso toca-nos a todos, por cá. E toca muito. Muito mais do que acha você, que (idealistamente) acha que não toca nada e que, aqui, podemos fazer ao contrário do que decidem os socialistas no País.
Gostaria que, por cá, se fizesse diferente. Para isso é preciso nova Constituição (erradicada de socialismos e com verdadeira autonomia na Educação). Para que o Representante nos deixe decidir por nós. E que deixe de contrariar o que se pretende fazer diferentemente do que fazem os socialistas a 1000km.
Mas agora, temos que fazer diferente, com menos recursos. É o paradigma e o ponto de partida da actualidade. Por muito que gostassemos que fosse de outra forma.
O que coloca de lado e de imediato o seu Regime. Que, tirando as batas, são apenas sugestões que exigem mais recursos, do tipo "metade do trabalho, o dobro do ordenado".

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu novo comentário. É possível que o erro seja meu, de não ter sido claro. Quando lhe falo de processos que se situam a 1000 km da Madeira, significa que devemos, em primeiríssimo lugar, olhar pelos processos que derivam da nossa condição AUTONÓMICA. Há muita coisa, muita mesmo, que não depende nem do Ministério nem da Constituição da República. Depende, exclusivamente, de NÓS, madeirenses e porto-santenses.
E fico por aí na apreciação ao seu comentário, porque quando fala de "batas" eu percebo a sua dificuldade partidária de soltar-se e assumir uma discussão com fundamentos profundos.
Só mais uma coisa: o que lhe vou dizer ou perguntar, peço que não considere que estou em uma atitude de sobranceria ou arrogância em relação a si. Quem bem me conhece sabe que não alinho nessa forma de estar. Gostaria, assim, de lhe perguntar, que livros leu sobre política educativa ou simplesmente de EDUCAÇÃO, que revistas assina ou para as quais escreve sobre Educação, quais as suas leituras e autores sobre matérias sociais. Repito, é que o erro pode ser meu. Gostaria de saber para perceber melhor o seu posicionamento, independentemente da questão partidária. Essa, creia, não me interessa, porque não reduzo a EDUCAÇÃO aos partidos A, B ou C.
Já o convidei para almoçar ou tomar um café, portanto, laborar sobre os mesmos pressupostos é tempo perdido. Cada um deve seguir o seu caminho, no respeito que devemos ter uns pelos outros. E o futuro dirá quem se aproxima mais dos caminhos que garantem futuro.