Não é possível, do ponto de vista político, passar uma esponja sobre o passado, mostrando-se, agora, como a desejada primavera, a alternativa que nasce de dentro do mesmo livrinho de base ideológica. Tem algo de semelhante àquelas músicas resgatadas de outros cantores dando a sua própria interpretação. A melodia é a mesma, está lá, reconhecemos facilmente, não é original, os músicos podem até ser outros, todavia, não traz nada de novo. Daí que, qualquer alternativa política na Região não deva germinar entre os que nunca se demarcaram, pelo contrário, foram apoiantes inequívocos da situação a que chegámos. Transporta um sinal claro de oportunismo, de gato por lebre, que deve ser politicamente combatido pela oposição. Do meu ponto de vista, com o total respeito pelas pessoas, no plano político, não faz qualquer sentido que se substitua A por B e, com a mais que provável bengalinha de C, a Região continue a tocar a música de sempre embora com variações à guitarra, à viola e ao piano. O lugar do PSD-M, pela longevidade no poder, é, doravante, na oposição.
Não tem credibilidade política quem só agora vem com a história das pressões sobre as pessoas, no sentido delas assumirem os comportamentos esperados por quem governa. A ser verdade, e nada me diz que não seja, pois sempre foi assim, a situação é repelente. Só que, por maiores que sejam as tentativas de demarcação a este regime castrador da liberdade e de controlo sobre a sociedade, merece, também, uma adequada análise. Ora bem a ausência de uma vivência democrática não é de agora, tem muitos anos, inclusive, de subtil mas incisiva perseguição aos que tiveram o coração muito próximo da boca. Todos os que agora se apresentam como libertadores estiveram sentados lado a lado com a hierarquia dominante, comungaram dos mesmos princípios e valores, seguiram linha a linha a cartilha ensinada deste o tempo da juventude, portanto, não têm desculpas no extenso rol de processos que conduziram a este desastre social. Não têm legitimidade política para assumir a diferença, mesmo que para isso façam um esforço de branqueamento, através de um discurso próprio de pessoas civilizadas e de grande urbanidade. Não têm e ponto final. Onde estavam, com quem estavam e o que disseram quando, por exemplo, o Dr. Mário Soares falou de "défice democrático" na Região e tudo o que esse conceito significava? Que posições assumiram quando tantos, técnicos e não só, foram colocados na "prateleira" por falta de obediência ao poder, isto é, por terem opinião própria? E que credibilidade política podem ostentar, hoje, quando são visados pela falta de rigor no cumprimento dos instrumentos de planeamento, em clara consonância com as políticas do governo?
Ora, não é possível, do ponto de vista político, passar uma esponja sobre o passado, mostrando-se, agora, como a desejada primavera, a alternativa que nasce de dentro do mesmo livrinho de base ideológica. Tem algo de semelhante àquelas músicas resgatadas de outros cantores dando a sua própria interpretação. A melodia é a mesma, está lá, reconhecemos facilmente, não é original, os músicos podem até ser outros, todavia, não traz nada de novo. Daí que, qualquer alternativa política na Região não deva germinar entre os que nunca se demarcaram, pelo contrário, foram apoiantes inequívocos da situação a que chegámos. Transporta um sinal claro de oportunismo, de gato por lebre, que deve ser politicamente combatido pela oposição. Do meu ponto de vista, com o total respeito pelas pessoas, no plano político, não faz qualquer sentido que se substitua A por B e, com a mais que provável bengalinha de C, a Região continue a tocar a música de sempre embora com variações à guitarra, à viola e ao piano. O lugar do PSD-M, pela longevidade no poder, é, doravante, na oposição. Só por aí será possível refrescar a democracia, resgatar a Autonomia, libertar a sociedade, criar as condições para a inovação, a criatividade, a (re)negociação, o respeito de todos, a correcção dos processos, o corte com os interesses mesquinhos e partidários, a ruptura com os cordões umbilicais existentes com as figuras que, no plano económico-financeiro, serviram-se e pouco serviram a causa pública.
Neste contexto o actual líder do PSD-M tem de ser empurrado e espicaçado no sentido de ir às urnas em 2015 (se aguentar a presidência do governo até lá, o que continuo a duvidar!) e, aí, ser derrubado por expressa vontade popular. Neste pressuposto deve ser denunciada qualquer jogada no sentido de uma saída antecipada e de transferência de poder para outro político da sua confiança. Aliás, como aconteceu na Câmara do Funchal e que se aprestam para novamente fazer. Este quadro implica, obviamente, um combate político sem tréguas, uma conjugação de esforços de toda a oposição naquilo que é essencial, impedindo que o benefício da dúvida se instale no eleitorado. Este não é um momento para vacilar, pois que o protelamento das decisões políticas podem custar algumas legislaturas de "mais do mesmo". Apenas uma opinião.
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Grave, mesmo grave, em tudo isto é a promiscuidade entre partido do governo, e, governo propriamente dito. Interessa a todos nós saber: como recuperar um incipiente sistema produtivo destruído; como edificar um sistema saúde onde se morre de malária sem que o Gov. explique o que aconteceu; uns apoios desportivos que não são nada. O partido que suporta o gov.pode, deve vir a público explicar tudo isto. O gov não pode ignorar estas questões. Tem de explicá-las. Tem de dizer como pretende resolver este imbróglio. Vamo-nos, todos,entretendo com questões marginais que, essas, sim são foro interno do partido. Saber se há congresso em 2013 no ppd só aos só militantes interessa. Não é indiferente o que acontecer mas não é questão essencial para o colectivo. Só o é por que há muita coisa a fazer o pino nesta terra e há muito tempo...
Obrigado pelo seu comentário.
Essas são as preocupações que tenho vindo, a espaços, a desenvolver nos textos que aqui publico.
Obviamente que as eleições internas de um partido aos seus militantes dizem respeito. Mas, como disse e bem, não são indiferentes, porque a Madeira corre o risco, em função das características sociológicas e partidárias, manter o mesmo perfil de governação e, os tais assuntos importantes que a si e a mim preocupam, manterem-se inalteráveis. O problema é esse o que me levou a escrever. Simplesmente porque a Região não precisa de acertos marginais na condução política, mas de mudanças estruturais.
Eu preferia que não se misturasse a acção governativa com o partido (seja ele qual for), infelizmente, porém, sabemos que assim não é.
Um bom fim de semana.
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