"Em tempos, Santana Lopes, após ser PM, quando lhe perguntaram o que ia fazer, disse: vou andar por aí. Passos decidiu que, depois de ser PM, ia andar por todo o lado. Passos faz inaugurações, visita escolas, fábricas e exposições. O mesmo Passos que desapareceu dos cartazes de campanha nas legislativas, agora, é omnipresente. No fundo, Passos ainda se julga PM. O ex-primeiro-ministro parece a ex-namorada que ainda continua a ir visitar os "sogros". O pin de Portugal é o sinal do seu estado de loucura - acabou, filha, desanda. Passos vai ter de ser operado para remover o pin de Portugal. O uso do pin, com a nossa bandeira, tornou-se uma teimosia. Quanto mais insistirmos que é ridículo usar aquilo, mais ele o vai usar. Quem tem filhos adolescentes, sabe do que estou a falar. Aposto que o ex-PM nem tira o pin no banho. Pode sofrer mas não o vão apanhar sem o último símbolo do que já foi. Se, por acaso, lhe cai o pin, é como se lhe tivesse caído uma lente de contacto - "Ninguém se mexa! Caiu-me o pin. Não o pisem, a não ser que estejam descalços".
João Quadros |
Eu acho que Passos deve ter uma gaveta cheia de pins de Portugal. Não ia arriscar perder o que tem e, de manhã, ir para a rua sem ele. Não pode ter só aquele ou já estaria enferrujado e Passos podia picar-se, apanhar tétano e ficar com um sorriso forçado.
Resumindo, o ex-líder do PàF vê-se como uma espécie de Dalai Lama, neoliberal, que continua a ser o líder do governo tibetano no exílio após a invasão do país pelos comunas da China. Ou um Bento XVI que não se confina a Castel Gandolfo e que usa aqueles sapatos vermelhos Prada, que só o verdadeiro Papa pode usar e que, quando pode, gama o Papamóbil para ir sair. Passos sente-se um PM emérito mas por pouco tempo.
Pedro Passos Coelho |
No fundo, Pedro tem esperanças em poder voltar ao Governo após intervenção de Marcelo. Sonha fazer o XXII Governo constitucional, chamar-lhe XX-B e voltar a empossar Calvão da Silva. Está por tudo. Reza à Comissão Europeia para que chumbem o OE. Admite assumir Governo sem se submeter a novas eleições, porque não é bom para o país andar sempre em eleições, meses depois de ter proposto alterar a Constituição para se poder ir outra vez a eleições. Na verdade, o ex-PM não consegue aceitar a realidade. A realidade e Passos sempre foram cão e gato.
Nota:
Texto da autoria de João Quadros publicado no "Negócios", a 04 de Março,
Ilustração: Google Imagens.
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