Na edição de hoje do DN-Madeira duas peças destacam-se pela sua complementaridade. Por um lado, leio que o "Governo colocou ex-gestores do JM sob investigação (...) A gestão dos ex-administradores da Empresa Jornal da Madeira está a ser alvo de uma auditoria por parte da Inspecção Regional de Finanças e foi igualmente remetida para o Ministério Público, com o intuito de investigar uma situação denunciada por um dos administradores, Nuno Bazenga. Em causa está a contratação de 260 toneladas de papel e respectivos custos de transporte no valor de cerca de 165 mil euros, cujo procedimento concursal, liderado por Rui Nóbrega, suscitou dúvidas na óptica de Nuno Bazenga. (...)"; por outro, o PS-Madeira exige que o presidente do governo explique "os contratos swap feitos na Câmara do Funchal no tempo em que era o presidente da autarquia" porque, segundo o "semanário Expresso a CMF perdeu quase um milhão de euros com um contrato feito em 2008".
Avança o DIÁRIO que "de acordo com a notícia do Expresso, a Câmara do Funchal assinou em Novembro de 2008, contratos com o Barclays e o BES com base num empréstimo fictício e perdeu 961 mil euros nessas duas operações financeiras. Os contratos foram assinados dois meses depois da polémica falência do banco Lehman Brothers e terminaram em 2011. Foi uma auditoria do Tribunal de Contas à Câmara do Funchal, iniciada em Janeiro deste ano, que detectou o prejuízo. A actual vereação, presidida por Paulo Cafôfo, também quer saber mais deste negócio. O vereador com o pelouro das finanças, Miguel Silva Gouveia, disse ao semanário que a Câmara espera pela conclusão do relatório do Tribunal de Contas (...)".
Ora, quem manda investigar um caso de 165 mil euros (não fez mais do que o seu dever, independentemente das querelas partidárias) também, por coerência, para já, deve explicar, pormenorizadamente, decisões políticas que, segundo o Expresso, conduziram a um prejuízo de 961 mil euros.
No exercício da política ninguém pode andar entre os pingos da chuva sem se molhar. Tudo tem de ser transparente. No caso em apreço, por dois motivos: primeiro, porque o que ficou na opinião pública sobre a anterior vereação social-democrata na Câmara do Funchal, presidida pelo Dr. Miguel Albuquerque, é que os últimos exercícios no município funchalense tinham gerado "lucro", quando a dívida apurada pela actual equipa, segundo o que foi divulgado, era superior a 100 milhões de euros: segundo, porque os eleitores da Madeira, em geral, e os do Funchal, em particular, têm o direito de saber todos os contornos dessa operação bancária, concretizada após falência do banco Lehman Brothers e do correspondente colapso financeiro de muitas economias. O presidente do Governo não pode fugir ao cabal esclarecimento desta situação. E o local próprio para, politicamente, se explicar é na Assembleia Legislativa.
Entretanto, pasme-se, sob a capa de uma "reestruturação", continua o regabofe do financiamento ao Jornal da Madeira. Foram autorizados mais 927 mil euros para manter a propaganda do governo, enquanto, por exemplo, nos hospitais as insuficiências continuam gritantes e a Câmara do Funchal paga dívidas e vê-se limitada na consecução do seu projecto político!
Ilustração: Google Imagens.
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