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segunda-feira, 28 de março de 2016

TRANQUADA GOMES E IRENEU BARRETO UNIDOS NO REFRÃO "PAZ, PÃO..."


Que o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, partidariamente, faça um elogio à actual governação e um auto-elogio ao desempenho do primeiro órgão de governo próprio, compreendo. A família protege-se, como é óbvio, mesmo que, as palavras de elogio tenham sinais contraditórios. O Dr. Tranquada Gomes, viveu anos naquela Assembleia e nunca se ouviu a sua voz contra aquilo que hoje diz ser a necessidade de "credibilização das instituições, um melhor diálogo entre a República e a região" e "uma nova forma de fazer política". Será que está a fazer um mea culpa pelas sistemáticas alterações do "Regimento" sempre no sentido de limitar a palavra à oposição? Ora bem, vir agora assumir que "muita coisa mudou" e que se abriu "um novo ciclo" no arquipélago, constitui um paradoxo e uma pública desconsideração face a várias cumplicidades políticas passadas, até para quem o convidou para deputado! 


Mas o que é mais estranho e, politicamente, muito pouco sensato, são as declarações do Senhor Representante da República, Juiz Conselheiro Ireneu Barreto, que declarou que o mau relacionamento entre a região e a República nos mandatos do anterior Governo insular, liderado por Alberto João Jardim, "muitas vezes era mais aparente que real". Aparente? As ofensas dirigidas, os sistemáticos enxovalhos de figuras públicas e, por exemplo, o fantasma de um movimento independentista, pode considerar-se aparente? Questiono, pode o Senhor Representante assumir que, o essencial da política são os resultados e que "nós podemos dizer que, no tempo do dr. Alberto João Jardim, a região conseguiu alguns bons resultados"? Seis mil milhões de dívidas, facturas escondidas, valores não reportados, pobreza e desemprego galopante são bons resultados? O processo "Cuba Livre" espelha esse bons resultados? E quais são, apetece-me perguntar ao Senhor Representante, os resultados do último ano de governação para que possa dizer que "também tem dado bons resultados à região"? Diga, quais? Exemplifique, com factos e números. Ou será que o exercício da política se baseia em cosmética, dando a entender uma realidade que não existe? Uma coisa é o triângulo Palácio de S. Lourenço, Assembleia, Quinta Vigia, outra bem diferente é o que se passa no tecido familiar e empresarial. E aqui, insisto na pergunta, onde estão os "bons resultados"? Saberá o Senhor Representante o que se passa na Assembleia? 
Julgo que a ambos, ao Presidente da Assembleia e ao Representante da República, lhes falta sair dos gabinetes e andarem por onde está o povo, no interior e no litoral, nos locais mais recônditos até aos mais perto dos olhos, nas ruas, becos, travessas e impasses, nos bairros, nas escolas, nos hospitais, junto de todos que têm direitos, mas quase nula justiça social. Falta-lhes essa experiência, para sentirem o cheiro da pobreza, os desconfortos, a sina de quem nasceu pobre e como alguns políticos os atiraram para a margem! 
Finalmente, o Senhor Representante tem todo o direito de ter um posicionamento político-partidário, como tenho o meu, mas no quadro das suas funções de Estado, que, aliás, já deveriam ter terminado, deve ser comedido e distante. Que o Dr. Tranquada Gomes teça loas ao desempenho do seu partido, enfim, qualquer pessoa compreende, o Senhor Representante, não.
Ilustração: Google Imagens.

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