Adsense

terça-feira, 15 de março de 2016

ADN MADEIRENSE OU UMA VERSÃO DE "POVO SUPERIOR"?


Foram ontem empossados (reconduzidos) os Representantes da República para a Madeira e para os Açores. O presidente do Governo Regional açoriano, recebido pelo Presidente da República, deixou clara a extinção, após revisão constitucional, do cargo de representante. Já o Dr. Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, segundo o DN local, "pediu, publicamente, que o representante da República tivesse ADN madeirense e mostrou-se satisfeito pela continuidade de Ireneu Barreto". Ora bem, ADN madeirense? O que é isso? Uma versão de "povo superior"? Talvez. 


No plano estritamente político, ter ADN madeirense pode significar que os naturais da Região são diferentes, que se distinguem dos demais no Portugal do Minho ao Corvo. E daí a subtileza da chamada de atenção, cuidado Senhor Representante, Ireneu Barreto, não seja olheiro e fiscal da República, antes um madeirense que respeita e se curva aos dignitários das instituições regionais. Mesmo que as opções estejam erradas, dance, com flexão do tronco à frente, o tradicional "baile pesado".
Não existe ADN madeirense, como não existe ADN açoriano ou continental. Somos portugueses. O que existe é uma Autonomia perdida, por culpa de quem há quarenta anos governa. O que existe(iu) é uma guerra de palavras e de atitudes vãs, que denominaram por "contencioso das autonomias", que colocaram em situação de desconfiança as relações institucionais entre a Madeira e a República. O que existe é uma dívida pública impagável, pobreza, desemprego, abandono e insucesso escolar comprometedores do futuro colectivo. O que o presidente do governo da Madeira deveria salientar, embora com toda a delicadeza, é que os madeirenses, tal como os açorianos, entendem que este lugar institucional não faz sentido, deve terminar logo que possível, não apenas pelos seus encargos, mas porque as regiões não precisam de quem fiscalize as acções políticas. Para isso, existe o Tribunal de Contas e o Tribunal Constitucional e, quando à produção legislativa, a assessoria da Presidência da República pode verificar as eventuais ilegalidades ou inconstitucionalidades dos diplomas aprovados na Assembleia. Ir além disto, ou são palavras a mais ou disparates com segundo sentido.
Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários: