Eles não descansam. Armados em fiscais com carta branca, em conluio com outras instituições, escudados em um Tratado, anunciam e invadem os países mais vulneráveis, com palavras e atitudes que ofendem a independência nacional. São os dentes vampirescos de uma roda dentada que faz girar a máquina trituradora dos povos. Alguns deles, dizem-se, até, pertencentes à família socialista europeia, como é o caso do presidente do eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem (centro esquerda) ou do comissário para os assuntos económicos e financeiros, Pierre Moscovici. São políticos "vendidos" relativamente aos princípios e aos valores humanistas. Entre outros, politicamente, não os suporto, pela forma como agem e como decidem do alto da sua cadeira do poder. Estão ao serviço dos interesses do tal deus mercado, do capitalismo selvagem, pouco lhes importando como vivem os povos, as suas debilidades, os sacrifícios que fazem e a falta de esperança que os envolve. Ouvi-los a falar de um "plano b" ou de novas medidas de austeridade face ao Orçamento de Estado de Portugal (2016), cria uma espécie de vómito, isto, para mim, que entendo que o exercício da política deve estar ao serviço do Homem.
Uma Europa que caminha para o abismo (se já não está!), que não consegue, pela via diplomática, resolver os seus problemas, os dos migrantes, por exemplo, que se apresenta fraquíssima e de joelhos com os mais fortes, tenhamos em consideração as imposições da Grã-Bretanha e os silêncios com a Espanha, França e Itália, torna-se altiva e de nariz empinado com os mais vulneráveis. O que fizeram e continuam a fazer, por exemplo, à Grécia e o que teimam relativamente a Portugal. Porque estes países entenderam seguir caminhos diferentes da orientação política draconiana. Lamentavelmente, em Portugal, há quem acompanhe esta deriva aos princípios basilares da comunidade europeia, quando sabem que a crise teve uma origem externa na qual fomos envolvidos tal como os restantes.
Continuo, por múltiplas razões e em nome do futuro, a defender a necessidade de Portugal estudar uma eventual saída do eurogrupo. Simplesmente porque, mesmo considerando todas as desvantagens, e são muitas, tal estudo terá o mérito de, por um lado, equacionar esta complexa problemática e, por extensão, colocar em sentido os directórios europeus. Atente-se no caso da Islândia, cujo presidente, Olafur Ragnar Grimsson, em Fevereiro do ano passado, atribuiu parte do sucesso da recuperação da Islândia "ao facto de o país não ter dado ouvidos aos organismos internacionais, especialmente à Comissão Europeia, que recomendavam a aplicação de medidas de austeridade. O colapso da banca em 2008 arrancou mais de 10% da riqueza da Islândia em apenas dois anos e mais do que duplicou a taxa de desemprego para o nível recorde de 11,9%. No entanto, a Islândia foi um dos países europeus que mais depressa sacudiu a poeira da crise, tendo a economia regressado ao crescimento em 2011 (...) a taxa de desemprego oscila, actualmente, entre 3% e 4% e o Governo antecipa um crescimento de 3,3% do PIB este ano" - Negócios."
A receita da UE e a do FMI é sempre a mesma: aplicar o chicote, o sofrimento dos povos, mesmo que estes pouco ou nada tivessem contribuído para o desastre. Muitos já se esqueceram que a crise começa com a queda do Lehman Brothers. O presidente Olafur Ragnar Grimsson sublinhou, ainda, o que é muito esclarecedor, que, "no caso da Islândia, a União Europeia se equivocou. "Porque deveriam ter razão noutros casos?" E a pergunta surge, naturalmente: o que vem Pierre Moscovici fazer a Portugal na próxima Quinta-feira? Acalmar os mercados? Exigir mais sacrifícios? É tempo de sacudirmos a canga e demonstrarmos a nossa honradez secular.
Ilustração: Google Imagens.
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