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terça-feira, 9 de setembro de 2008

ANALFABETISMO (I)

Mistificar significa: divertir-se à custa de; burlar de forma mais ou menos engenhosa; coisa vã, enganadora.
Sempre foi assim mas, agora, a imagem que fica é a do uso e abuso dos números trabalhados no sentido de enganar os menos avisados. Fico, muitas vezes, com a sensação que falam como se fossemos uma cambada de mentecaptos, que são todos parolos, que ninguém se atreve a ler, comparar e analisar o que dizem. Mas isto generalizou-se a todos os sectores e áreas de intervenção governativa. Os agricultores dizem que não dá para viver e vem o secretário dizer que os "senhores agricultores" melhoraram os seus rendimentos; o desemprego cresce e lá vem o secretário sublinhar que não é bem assim; a pobreza cresce e lá aparece o secretário a assumir que a nossa pobreza é residual; enfim, são tantas e tantas as situações que, das duas uma: ou divertem-se à nossa custa ou já não conseguem exercer a política sem apelo às engenhosas formas de burlar as consciências.
Vem isto a propósito de uma peça jornalística que ontem segui na RTP-Madeira. Ora bem, não basta colocar o microfone à frente do político e fazer eco das suas declarações. Eu, enquanto espectador e penso que os espectadores em geral, espero, também, que o político seja confrontado e isso implica preparação e conhecimento da matéria em causa. Vem isto a propósito da taxa de analfabetismo na Região Autónoma da Madeira.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, os Censos de 2001, determinaram as seguintes taxas: Continente 9,0%, Açores 9,4% e Madeira 12,7%. Ontem, ouvi o Director Regional de Educação afirmar que, na Madeira, neste momento, a percentagem de analfabetos deveria rondar os 8,7%. Isto é, entre 2001 e 2008 (sete anos), a Região terá melhorado 4%, precisamente o dobro da média nacional entre 1991 e 2001 (dez anos) e suplantado os 2,6% verificados na Região no mesmo período. Verdadeiramente espantoso!
Ora bem, mistificação é o que se chama a estas continhas do governo. Continhas baseadas em suposições. Politicamente, seria muito mais sensato e honesto que o Director Regional de Educação falasse de um trabalho que está a ser feito no sentido da redução desta chaga social que, infelizmente, permanece depois de 32 anos de Autonomia e de governo próprio. Seria mais correcto do que atirar percentagens que só nos Censos de 2011 serão confirmadas ou não.
Para já, se o problema é a Madeira estar atrás dos Açores e de Portugal Continental há remédio para isso: definir políticas, trabalhar mais, disponibilizar melhores meios e nunca dizer, em circunstância alguma, que não se pode ir buscá-los a casa para ensinar a escrita e a leitura. Há múltiplas formas de o fazer, bastando para isso copiar, repito, copiar, inúmeros exemplos que existe pelo Mundo fora.

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