Três aspectos ressaltaram da visita do Marítimo à Quinta Vigia onde foi recebido pelo Presidente do Governo Regional.
1º Tratou-se de um acto de indispensável cortesia e, portanto, inscreveu-se numa atitude marcadamente política. Imagine-se, sempre que uma equipa continental envolvida em competições da UEFA resolvia visitar e apresentar cumprimentos de despedida ao primeiro-ministro ou ao Presidente da República! Ou então, os internacionais madeirenses, em diversas modalidades, ainda por cima com resultados prestigiantes, subiam a avenida para cumprimentar Sua Excelência! Não tem sentido algum. O que aconteceu foi, claramente, um beija-mão (antigamente, no período feudal, o vassalo prestava vassalagem ao seu soberano, fazendo o beija-mão acompanhado da genuflexão). Hoje não tem qualquer sentido. Já basta no jantar anual de aniversário, os agradecimentos da praxe pelos milhões recebidos.
2º E tanto assim é que o momento foi aproveitado para falar do sector fiscal da Administração Central. O clube a justificar-se: "(...) parece que somos uma carga de bandidos e perseguem-nos sem qualquer razão. Trabalhamos de forma séria e transparente e têm querido colocar em causa a nossa seriedade"; e o Presidente do Governo a sublinhar, ainda por cima com uma teoria que me deu a entender que os clubes com futebol profissional deveriam ter um regime fiscal diferente ("não se pode falar em futuro para o desporto sobrecarregando os clubes"). Ora, se são sociedades anónimas, se o objectivo é, claramente, empresarial, logo devem estar em pé de igualdade com todos. Se a Administração está atenta é um bom sinal, até porque, toda a gente sabe o que se passa no mundo do futebol profissional. E quanto ao Marítimo, no pressuposto de que "quem não deve não teme", tal assunto não deveria ter sido para ali chamado.
3º Como sócio do Marítimo (não do futebol) há 58 anos, custou-me engolir em seco, naquela recepção, os "parabéns ao Nacional pelo campeonato que está a fazer". Coisas que se lá não fossem não tinham ouvido.
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