Adsense

terça-feira, 23 de setembro de 2008

TURMAS DE ELITE

Parece estar, novamente, na ordem do dia a questão "turmas de elite".
Ora bem, se considerarmos a constituição de turmas baseadas nas características económicas dos pais e, portanto, a origem dos alunos nos planos social e cultural, estratificando-os pela ascendência familiar, obviamente que tal situação é deplorável. E sei que, neste aspecto, as escolas têm incorrido nesse erro. Há pedidos (e que pedidos!) nesse sentido e turmas inteirinhas, com os tais padrões elevados, que saem do 1º Ciclo e são colocadas na escola x que, por sua vez, terão os professores y. Agora, se sustentarmos um modelo organizativo de escola que possibilite a constituição de turmas em função do processo de aprendizagem, isso é outra coisa. E sabe-se, pela prática, que nem sempre altos padrões económico-sociais dos pais significam melhores capacidades de aprendizagem dos filhos. A este propósito e como sou defensor desta tese, trago à colação o Professor David Rodrigues, Coordenador do Fórum de Estudos de Educação Inclusiva:
"(...) Pressupõe tão só, que se criem na escola e na sala de aula oportunidades para que cada aluno progrida à (máxima ou melhor) velocidade a que pode. Retomando a analogia com a Saúde, um sistema saudável não é aquele que investe um máximo de recursos para que uma minoria de cidadãos tenham saúde e longevidade; é, pelo contrário, o que consegue dispensar a todos, os cuidados de saúde necessários (e de boa qualidade). O problema é se pensamos que, se tratarmos alguns muito bem, temos forçosamente que abandonar a maioria à sua sorte. Baixar o nível não é opção mas também não é opção desistir de um aluno só porque ele apresenta eventuais dificuldades".
O que está aqui em causa, portanto, é muito mais profundo e complexo, pois tem a ver com as dinâmicas organizacionais da escola as quais, por sua vez, só são possíveis com autonomia dos estabelecimentos de ensino e formação nesse sentido. É por isso que, mais do que reformas pontuais, o que precisamos é de reinventar o sistema educativo, para que ele não se confine ao modelo da Sociedade Industrial e para que a Escola seja organizada com características que coloquem o aluno no centro das políticas educativas. A partir daí as designadas "turmas de elite" deixarão de constituir uma preocupação. Todas serão de elite e todos estarão em pé de igualdade na escola pública, no pressuposto, repito "(...) que se criem na escola e na sala de aula oportunidades para que cada aluno progrida à (máxima ou melhor) velocidade a que pode". Uma vez mais o Director Regional de Educação falhou nas suas declarações à TSF. Cuidado, porque o Sistema Educativo não permite análises superficiais.

Sem comentários: