Sinceramente, não gostei da reunião desta manhã na Assembleia Legislativa da Madeira. Se, por um lado, o Engº Fernando Pinto, Presidente do Conselho de Administração da TAP, foi extremamente agradável na relação com os Deputados e nas respostas que deu às múltiplas questões que lhe foram colocadas, por outro, a sensação que fiquei é que tudo continuará na mesma. E continuará sobretudo porque o governo regional, particularmente a secretária regional do turismo e transportes, continua a demonstrar uma total incapacidade na análise e na negociação deste importante dossiê. Aliás, desde a primeira hora, quando assinou um acordo de liberalização que não respeitava alguns aspectos de direito dos madeirenses e que foi exaustivamente analisado pelo "grupo de trabalho" constituído então para o efeito. Depois, a verdade é que tem andado a fugir ao confronto com os Deputados numa matéria sensível e gravosa para a liberdade de movimento entre a Região e o Continente.
A audição de hoje serviu mais para trocar impressões do que para assumir compromissos. Nem poderia haver assunção de compromissos. É a liberalização, dizia o Engº Fernando Pinto "que traz vantagens mas também desvantagens" e que "há diferentes valores para diferentes flexibilidades" como se a maioria dos residentes pudesse viajar aos preços "classic", "plus" ou "executiv". Foi altura de eu lembrar ao Presidente da TAP que existem por aqui 50.000 pobres e, na classe média, viajar com a tarifa "discount" ou "basic" já constitui um quebra cabeças ou quebra carteiras. E que há o problema dos estudantes, e que há o problema das penalizações que chegam a custar mais que a passagem original, e que há o problema dos empresários com reuniões que são desmarcadas e que há o problema dos doentes que viajam para uma consulta médica e que há tarifários absolutamente incompreensíveis para o madeirense. Um exemplo: uma ligação Funchal - Lisboa - Helsínquia - Lisboa - Funchal pode custar € 316,87 já com o desconto de € 60,00; uma ligação Funchal - Lisboa - Funchal € 426,98 também já com o desconto. Para quem vive numa ilha esta situação não é entendível e não basta justificar com o facto da existência de tarifas ao preço da chuva (10% da capacidade do voo), em alguns períodos, o que implica marcações antecipadas largos meses como se fosse possível programar a vida a seis ou mais meses. Muitas vezes nem as férias!
Pressenti, pela simpatia das palavras de resposta, que ele percebeu mas, os 200 milhões de prejuízo acumulados no ano anterior não deixam grandes margens de manobra. É por isso que entendo ser indesculpável que a Secretária Regional do Turismo e Transportes nunca tivesse reunido com o Presidente do Conselho de Administração da TAP e ande numa fuga constante ao debate sobre estas matérias, presa que está às palavras que disse, aquando do estabelecimento do acordo de liberalização: "este é um momento histórico para a Madeira". Não é e a culpa é toda do governo regional que não acautelou os interesses dos portugueses que aqui vivem. Se o acordo não servia não devia ter sido assinado. O resto é conversa!
2 comentários:
Senhor Professor
Não posso concordar com o que diz.
É injusto; muito injusto!
Então não sabe que os srs. governantes viajam, para aqui e para acolá (há um que, agora, vai à Austrália)em regime "No Cost"?
As Companhias Aéreas é que andam a cobrar aos outros,isto é,a nós, sem eles(coitados)saberem.
Meu caro,
Absolutamente de acordo. Gostei da ironia.
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