No desporto, o escalão de seniores, constitui o topo da competição desportiva. Numa estrutura associativa séria, a qualidade deve começar a ser desenvolvida a partir do patamar juvenil ou equivalente, consolidar-se nos juniores e atingir um nível técnico e táctico (entre outros) elevado no escalão senior.
Só que isso não acontece ou acontece com muita dificuldade. Consequência da aposta na competição nacional e, naturalmente, da contratualização de muitos continentais e estrangeiros, a competição regional está esvaziada desses pressupostos. Isto acontece, infelizmente, em várias modalidades. E tanto assim é que, na edição de hoje do DN, com alguma ingenuidade, a presidente da Associação de Basquetebol da Madeira coloca em destaque o facto da Taça ABM ter contado, há dias, com a participação de jogadores com idades compreendidas entre os 20 e os 46 anos de idade. Mostrou-se contente pelo facto de "(...) uns por quererem regressar à sua modalidade de eleição e outros por encontrarem no Basquetebol um espaço de convívio onde podem realizar a sua actividade física". Ora, uma associação pertencente ao sector federado obviamente que não pode constituir-se como espaço de convívio e de prática da actividade física. O sector federado visa a qualidade, ao sector educativo a formação e, ao INATEL, a actividade de incidência menos formal. Eu entendo o que a presidente da Associação quis dizer, isto é, na falta de praticantes venham todos, jovens e menos jovens, só que, no que diz respeito a uma estrutura que se pretende séria é evidente que tudo isto está errado. É a consequência da errada política desportiva que a Madeira teima em seguir.
7 comentários:
Como jogador deste campeonato queria dizer que não concordo com a sua posição. Ao contrário do que possa pensar esta competição (com jogadores de mais ou menos idade) esteve realmente num nível acima da média. Pena é que a maioria dos clubes não tenha participado quando para tal só era necessário desembolsar uma quantia irrisória. Clubes há que até têm equipas apenas a treinar, sem estarem inscritas em qualquer campeonato e que mesmo assim não participam desta oportunidade. Talvez tenham algum receio de perder contra estes assumidos amadores! Ainda para mais, esta competição contou com uma média de espectadores maior do que os campeonatos profissionais...
Obrigado pelo seu comentário.
Ora bem, eu não discuto o nível técnico que a competição atingiu, tampouco o número de pessoas que estiveram nas bancadas. É certo que defendo, tal como o meu Amigo e Filósofo Manuel Sérgio, que o Desporto deve ser um espaço de "Jogo, Humor e Festa". Por aí estamos de acordo.
O que eu defendi e julgo que me assistem razões para o dizer no plano dos princípios, é que quando se tem praticantes numa prova federada, com idades como aquelas que foram avançadas, é porque o sector federado (qualidade) não está a cumprir uma das importantes etapas do desenvolvimento. Folgo muito em ver pessoas na prática desportiva, inclusive, na competição, mas enquadrados nas suas respectivas áreas de prática. O sector federado, como compreende, não pode substituir-se nas tarefas organizativas que a outros compete. Foi apenas isto que quis transmitir em defesa de um desporto que defendo ser um bem cultural e, por isso memsmo, um direito de todos.
Renovo o meu agradecimento.
Não entendo porque não podem ser federados os mais velhos...
Não serão, sim, atletas de alta competição. Mas porque não serem enquadrados numa pratica desportiva (de qq tipo) pela Federação do desporto em causa?
Assim, asseguram-se vigilâncias médicas anuais, seguro e competições (de maior ou menor nível competitivo) para todos.
Querer restringir a prática federada à alta competição e aprendizagem/formação é limitador. E apenas à alta competição, ainda mais.
Boa tarde.
Obrigado pelo seu comentário.
Eu compreendo a sua posição, melhor, o seu confesso interesse em praticar uma modalidade que gosta e que o mantém em actividade. Isso é salutar e importante. Ora bem, estou a partir do pressuposto que é praticante. Mas mesmo que não seja...
O problema não está aí. A questão é a de definir os vários âmbitos das práticas físicas e, neste caso, desportivas. O conceito universal é que à escola (sistema educativo) compete formar em quantidade, ao associativismo federado compete a qualidade (sistema desportivo) e às associações vocacionadas para o lazer a prática informal.
Neste pressuposto, a uma associação de natureza federada compete-lhe desenvolver, em comunhão com os clubes, uma prática de natureza qualitativa.
A uma associação de natureza federada não se pede que tenha muitos praticantes nem que enquadre a competição para os menos jovens. Temos de convir que um particante de 46 anos, por melhor que seja o valor, está desenquadrado da vocação primeira do sector federado. Pede-se que tenha os seus quadros competitivos organizados, em todos os escalões, mas sempre com um objectivo tendencialmente qualitativo.
A Escola é que, por sua vez, deverá estar organizada para desenvolver, quantitativamente, nos aspectos de formação básica as várias opções de prática.
O problema do alto rendimento é outra coisa bem diferente. Pode e deve haver seniores em prática regular mas sem estarem enquadrados na designada alta competição.
Mas continuo a sublinhar que este é um problema do desporto regional que, do meu ponto de vista, precisa de ser repensado. Eu sei que as associações lutam para ter um quadro competitivo senior e falta-lhes praticantes. Às vezes até nos juniores. Simplesmente porque partiu-se para o alto rendimento (representação nacional e internacional) sem acautelar os vários níveis de participação.
Mas esta é a minha posição. Se é praticante, obviamente, que fico contente por sentir que há interesse em manter-se em actividade. E isso é muito bom. Mas quanto ao processo, evidentemente, que não apoio.
Obrigado.
Boa tarde.
Para começar gostaria de frisar que não entendo a sua posição sobre a idade dos praticantes, já que apesar de a média de idades desta competição se situar provavelmente nos 27, 28 anos..talvez até menos.Ou seja uma média bem apropriada para uma competição de basquetebol, que caso não esteja a par é um pouco superior ao futebol, diz-se mesmo que o apogeu duma carreira de basquetebol é nos 30..32 anos.Quanto ao caso do jogador de 46 anos é muito bem vindo e não é nenhuma novidade neste desporto, já que o jogador mais velho a praticar até na melhor e maior liga do mundo(NBA) tinha 47 anos, tendo até presentemente vários jogadores com mais de 40 anos. Saiba que jogar até aos 38 é algo muito natural e usual no basquetebol, pode dizer-se até que é o equivalente a jogar futebol até aos 33.
Esta competição tem até muita qualidade e competitividade pois é praticada em grande parte por ex federados e muitos deles representantes dos maiores clubes da madeira e da própria selecção regional. Quantos aos elementos amadores que também jogam são também muito bem vindos pelo seu esforço e dedicação, em quererem evoluir e fazer parte duma competição que exige " profissionalismo" digno de um campeonato nacional de uma divisão inferior, aliás algo já comentado por quem acompanha a modalidade.
Deste ponto de vista acho que este campeonato é uma óptima escola de formação para os escalões que antecedem as equipas seniores dos respectivos clubes regionais, facto que não é aproveitado pelos mesmos e que traria ( como você falou nos seus comentários de resposta ) maior credibilidade à mesma.
Boa noite.
Obrigado pelo seu comentário.
É óbvio que devido à minha formação académica sei o que se passa ao nível das idades de prática. Julgo que se tiver a paciência de ler o meu texto anterior compreenderá que esse não o centro da questão. Utilizei o pormenor dos 46 anos de um praticante, não por desconsideração ou valor (não sei quem é, apenas respeito)mas sim para ilustrar uma outra dimensão na análise do problema.
O problema que é muito mais profundo porque se situa ao nível da organização desportiva.
Numa determinada modalidade colectiva, importante na Região, dizia-me há dias um treinador que era muito difícil realizar o quadro competitivo senior e, nos juniores, havia também dificuldades. É isto que, do meu ponto de vista, não deve acontecer. No meu texto inicial eu tive o cuidado de salientar o facto da Senhora Presidente da Associação e Distinta Colega ter-se mostrado contente pelo facto de "(...) uns por quererem regressar à sua modalidade de eleição e outros por encontrarem no Basquetebol um espaço de convívio onde podem realizar a sua actividade física".
Percebo a intenção mas não é esse o melhor caminho no sector federado. Por maior que seja o interesse das pessoas praticantes e o seu nível técnico, uma associação de cariz federado tem, necessariamente, de ter uma outra matriz orientadora. E a Senhora Presidente da Associação sabe que assim é. O meu Caro leitor deste blogue reconhecerá, também, que uma Associação com a importância que esta tem, obviamente, que não pode dedicar-se a ambientes de "convívio". Repito, percebo a intenção mas...
De resto, meu Caro, se é praticante, independentemente da idade, jogue, pratique e continue a dar o bom exemplo que o Desporto é Cultura.
Exacto.
Penso que a vontade e a paixão são os primeiros intervenientes no renascer duma competição e duma modalidade como esta. E é isto que está acontecer, um grupo de amigos e de ex-federados que se reuniem anos depois para voltarem a dar vida ás suas qualidades e á sua paixão pela modalidade. Alguns mesmo sem treinadores, ou melhor com treinadores jogadores, estão a mostrar que com poucos recursos conseguem por vezes mostrar mais qualidade e vontade daqueles que recebem milhares para fazerem muito menos. Acho que é neste tipo de situação que se deve apreciar o verdadeiro espirito desportivo e apoiá-lo ao melhor nivél possivél, e só com estas pequenas iniciativas é que se podem concretizar grandes sonhos e dar inicio a grandes projectos. O exemplo tá dado, é preciso é que as grandes instituições, neste caso os maiores clubes regionais e possiveis patrocinadores e investidores contribuam para que o Basket volte a crescer na região.
Neste caso contrariamos a teoria "think big act small" para "think small act big".
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