Um presidente do governo quando se preocupa com os números de uma festa partidária, denuncia que tem muito pouco a fazer, ralado está com o Povo que o elegeu, porque determinado está, apenas, em criar as condições de manutenção do seu próprio poder. Preocupação que me parece doentia. Dir-se-á que já não governa, apenas se dedica a controlar o sistema.
Só três mil na Fonte do Bispo. "Os números são três mil porque foi contado por pessoas fidedignas e encarregadas mesmo dessa contagem, utilizando o mesmo método que se faz no Chão da Lagoa".
Ora bem, estas são palavras do Senhor Presidente do Governo, publicadas no jornal oficial, isto é, no Jornal da Madeira. Não o vi por lá, a não ser que estivesse disfarçado ao jeito de Sherlock Holmes. Mas aquela declaração, que só pode constituir a "gargalhada política da semana", apresenta outros interessantes contornos: por um lado, a parte ridícula dos números, pois bastaria contar os autocarros contratualizados, coisa que passou despercebida ao detective laranja; por outro, a preocupação política de desvalorização da festa, através das páginas de 15.000 exemplares distribuídos "à borla" (não se trata de um jornal gratuito) que acaba por transmitir, também, a ideia de receio que a mudança política esteja a chegar; finalmente, um presidente do governo quando se preocupa com os números de uma festa partidária, denuncia que tem muito pouco a fazer, ralado está com o Povo que o elegeu, porque determinado está, apenas, em criar as condições de manutenção do seu próprio poder. Preocupação que me parece doentia. Dir-se-á que já não governa, apenas se dedica a controlar o sistema. E o sistema, com procedimentos desta natureza, baixa ao nível de uma ridícula expressão numérica de uma festa popular. É como se o pároco de Ponta Delgada estivesse preocupado que, no seu arraial, teve mais gente que no de S. Pedro na Ribeira Brava. Ridículo. As pessoas e a mensagem política pouco interessam, fundamental é passar a ideia dos números e a respectiva desvalorização. Ridículo!
Aliás, o que tenho vindo a verificar é que o discurso do presidente do governo sobre a Madeira não vai além de rezas, mau olhado e declarações afins, o que demonstra falta de segurança e serenidade no caminho a seguir, em função das contrariedades. Estou em crer, até, que estes dias começam a ser muito complexos e dolorosos relativamente ao tabu da sua candidatura às eleições de 2011. A sua cabeça política deve andar feita num oito, como vulgarmente se diz. Sair por cima é uma coisa, sair por baixo e pelas portas dos fundos é outra. A decisão pode ter muito a ver com isso, quando não é previsível, em função do quadro político regional (desemprego, pobreza e dívidas) e nacional (limitações para cobrir os erros cometidos), qualquer golpe de asa que o mantenha em voo e com a tolerância dos eleitores. Simplesmente porque isto não vai com rezas nem com visitas à bruxa para uma cura de mau olhado. Vai com políticas sérias, profundas, políticas de ruptura, coisa que está mais do que vista, esgotaram-se no tempo, nada restando em armazém, nem para amostra.
Penso que os próximos tempos serão muito interessantes do ponto de vista político. Esta última sessão legislativa, não me restam dúvidas, será muito difícil e muito complexa. O PSD-M será pressionado como nunca pela oposição, o ambiente social não é favorável aos social-democratas pelo sentimento que já existe que estão no fim da linha, portanto, existe um quadro político, económico, financeiro e social potenciador da tese alternativa em detrimento da ideia do próximo ano constituir um passeio político. A historieta de 2007 não se repetirá. As pessoas já perceberam o jogo e as tropelias do mentor da teia. Tanto aflito anda que já mandou um aviso à navegação, recordo a exigência do governo junto das Câmaras Municipais, todas da sua cor política, para que façam obras, que cumpram o que prometeram, pois isso poderá constituir um meio para inaugurações, convívios e discursos apelativos ao voto. Este é mais um motivo muito claro de preocupação que testemunha, qual lapa, a busca de a tudo se agarrar para manter a liderança.
É muito difícil, eu sei. É difícil derrubar um poder tentacular, que joga com todas as armas políticas. Mas creio que é possível encontrar o caminho de uma mudança. Trinta e seis anos é tempo demais para um partido governar. Perde a inovação, perde na criatividade, criam raízes que se tornam podres (não apenas as raízes das palmeiras) e, por isso, a necessidade absoluta de gerar o novo, trazer para a vida política a esperança consubstanciada nas traves da Democracia, da Autonomia e da Solidariedade Social.
Penso que os próximos tempos serão muito interessantes do ponto de vista político. Esta última sessão legislativa, não me restam dúvidas, será muito difícil e muito complexa. O PSD-M será pressionado como nunca pela oposição, o ambiente social não é favorável aos social-democratas pelo sentimento que já existe que estão no fim da linha, portanto, existe um quadro político, económico, financeiro e social potenciador da tese alternativa em detrimento da ideia do próximo ano constituir um passeio político. A historieta de 2007 não se repetirá. As pessoas já perceberam o jogo e as tropelias do mentor da teia. Tanto aflito anda que já mandou um aviso à navegação, recordo a exigência do governo junto das Câmaras Municipais, todas da sua cor política, para que façam obras, que cumpram o que prometeram, pois isso poderá constituir um meio para inaugurações, convívios e discursos apelativos ao voto. Este é mais um motivo muito claro de preocupação que testemunha, qual lapa, a busca de a tudo se agarrar para manter a liderança.
É muito difícil, eu sei. É difícil derrubar um poder tentacular, que joga com todas as armas políticas. Mas creio que é possível encontrar o caminho de uma mudança. Trinta e seis anos é tempo demais para um partido governar. Perde a inovação, perde na criatividade, criam raízes que se tornam podres (não apenas as raízes das palmeiras) e, por isso, a necessidade absoluta de gerar o novo, trazer para a vida política a esperança consubstanciada nas traves da Democracia, da Autonomia e da Solidariedade Social.
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
E ainda há quem dê ouvidos a esse tal de A.J.J.? Como dizem e bem os madeirenses, ele só serve para dar manteiga... Vá até ás Desertas pregar às cagarras.
Obrigado pelo seu comentário.
Concordo consigo.
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