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domingo, 19 de setembro de 2010

A RTP AO SERVIÇO DO JORNAL DA MADEIRA


Isto é, o "serviço público" mete-se no assunto para divulgar uma parte e esquece-se de ouvir as outras, o que deixa transparecer, mesmo que essa não seja a intenção, o seu posicionamento. Mas não é a primeira vez que isto acontece.


Não me passou despercebida uma peça, logo na abertura do Telejornal de ontem, em que a RTP-Madeira se coloca como difusora de um comunicado do Jornal da Madeira sobre as declarações do Dr. Edgar Aguiar na Comissão de Inquérito que decorre na Assembleia da República, onde acusou o JM de ter uma "prática criminosa" no que concerne, entre outros aspectos, ao "dumping" comercial que há muito faz.
Isto é, inacreditavelmente, o "serviço público" mete-se no assunto para divulgar uma parte, esquecendo-se de ouvir as outras, o que deixa transparecer, mesmo que essa não seja a intenção, o seu posicionamento.
Mas não é a primeira vez que isto acontece. Já várias vezes vi partes de artigos do presidente do governo regional serem destacadas. O habitual. Só que desta vez, pareceu-me mais grave, destaca um comunicado de uma empresa e, pelo caminho, deixa sem voz a Administração do DN que constitui a parte fundamental deste processo. Eu diria mais, a grande VÍTIMA DESTE PROCESSO.
De qualquer forma, se o "serviço público" entendesse esta ser uma matéria de relevante interesse público, obviamente que deveria ter ido procurar o contraditório, neste caso o Dr. Edgar Aguiar, proprietário do Tribuna e Jornal Cidade, bem como a Administração do DN.
Estas situações não são, obviamente, inocentes. Não constituem um lapso ou uma distracção. É preciso que se tenha presente a força (subtil) do poder e da tal "Comissão de Aconselhamento" da RTP-M. O mesmo acontece em situações políticas relevantes em que ouvem o presidente do governo e esquecem a oposição, sobretudo quem lidera a oposição. Por isso, há uma intenção deliberada neste processo, de fazer valer o interesse do poder em detrimento de outras verdades.
Da minha parte, continuarei a denunciar o grave atentado que está a ser cometido contra a restante imprensa diária e não diária, contra os seus trabalhadores, sistematicamente ameaçados com o desemprego, enquanto outros não precisam de se mexer porque o cheque, mensal, está sempre ali para cobrir a propaganda oficial.
NOTA:
Li, na edição de hoje, o artigo de opinião do presidente do governo regional sobre o relatório da ERC, no que concerne ao Jornal da Madeira. Pergunto: mas, afinal, que razões sustentam este ataque à família Blandy e ao DN? Não terão o direito de reclamar uma situação que é de claro proteccionismo de um órgão de Comunicação Social que gasta, dos impostos dos madeirenses e porto-santenses, quatro milhões de euros anuais para propaganda política própria? E o que é que tem a ver o presidente do governo que o DN, o Tribuna, o Jornal Cidade ou qualquer outro, sejam de direita, de esquerda, ou de extrema direita ou esquerda? A mim não me incomoda nada que o Jornal da Madeira seja de direita. Não aceito é que o governo ajude a distorcer as leis de mercado para que uns se "afundem" no sentido de emergir, apenas a VERDADE ÚNICA". O que os órgãos de Comunicação Social exigem é que o mercado funcione com regras e que o governo não utilize as manobras mais descaradas para colocar em risco o normal funcionamento de todos.
Ilustração: Google Imagens.

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