Formiga Branca? Esta "madeira" está cheia dela, corroída por 36 anos de poder absoluto, que tresanda a naftalina que não há derivado capaz dela dar cabo! Mais, ainda: "Tacho", mas quem mais se tem servido do poder do que muitos que dele fazem parte?
Não sou preconceituoso em relação a nada. Cada situação merece-me uma cuidada análise, oiço pessoas e formo uma opinião. Cada assunto tem uma história, desenvolve-se em um contexto e, por isso, tenho flexibilidade suficiente para não assumir o preconceito. Apesar deste posicionamento respeito princípios que, convenhamos, são uma outra coisa. Na política, por exemplo, o sentido de responsabilidade leva-me a que reprove, liminarmente, as palavras e as atitudes que podem induzir a comportamentos não consentâneos com essa responsabilidade.
Vem isto a propósito do que ontem assisti pela televisão: o presidente do governo em cima do palco, intencionalmente, com um copo cheio de "vinho americano", a tomá-lo de um só fôlego, à maneira dos mais habituados à pinga. Só lhe faltou, no final, fazer o característico gesto de deitar as gotas finais do copo para o chão. Ora, por mim, o Senhor Presidente pode tomar o que quiser e entender, da forma que mais gostar, de um só fôlego ou de forma mais decente, em sua casa ou no seio do seu grupo de amigos. Pode até deitar as cascas dos tremoços ou do amendoim para o chão, pois ralado estou com isso. O que não pode e não deve, em cima do palco, aos olhos do Povo, por uma questão de responsabilidade política e por razões até pedagógicas, ter a atitude que teve. E não deve porque estamos em uma terra de gravíssima taxa de alcoólicos e com imensas famílias desestruturadas por via do consumo excessivo. Não se trata de um preconceito meu, mas de uma imagem que pode e tem efeitos muito negativos.
Percebo a atitude assumida. Com aquele gesto o que ele quis transmitir àquele pobre Povo que assistia à "missa política" é que o "presidente é dos nossos", pois bebe tudo o que lhe cai no copo! Infelizmente.
Percebo a atitude assumida. Com aquele gesto o que ele quis transmitir àquele pobre Povo que assistia à "missa política" é que o "presidente é dos nossos", pois bebe tudo o que lhe cai no copo! Infelizmente.
FORMIGA BRANCA, ESQUEMAS E TACHOS!
Posto isto, enquanto reparo, passo à questão política. À custa dos nossos impostos, o presidente vai a todas. Não perde uma festa e com o dinheiro que tanta falta está a fazer em outros domínios, monta o palco, encena e discursa. O sistema, "de borla" para o partido, proporciona-lhe palco, comunicação social e o ataque directo a quem não pode contrapor. Assim, falou de "esquemas" que travam "a luta pelas liberdades" e da existência de muita "formiga branca" na Região, referindo-se aos partidos da oposição, esse bando que procura o "tacho", de resto, uns "tipos inúteis e sem qualquer qualificação". Ofensas, claro, feitas à distância, tal qual um reles comício partidário, sem contraponto, sabendo ele que ninguém se atreverá a ouvir as instituições ofendidas.
Naquele discurso nada de novo surgiu relativamente aos sérios problemas que afectam a Região: desemprego, pobreza, dívidas, enfim, a síntese que pode ser feita consubstancia-se em uma só frase: afoguem as mágoas com o "americano" e bailem, bailem muito ao jeito do baile pesado, com a cabeça vergada e os olhos no chão. "Formiga branca"... mas quem não nota que esta "madeira" está cheia dela, corroída por 36 anos de poder absoluto, que tresanda a naftalina que não há derivado capaz dela dar cabo! Mais, ainda: "Tacho", mas quem mais se tem servido do poder do que muitos que dele fazem parte?
Ora bem, esta Democracia bateu no fundo, na vida e na sua vivência diária, no modelo de actuação, na castração da palavra, nos medos gerados, no condicionamento da liberdade, na farsa das palavras ditas em cima do palco da vida. Isto tem de acabar, obviamente, pelo respeito que todos devemos ter por esta terra, pelo respeito que todos devemos nutrir pelos seres humanos que aqui nasceram ou escolheram viver. Basta de vinho e de irresponsabilidade.
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário