Sabe, eu sou do tempo que para ser Deputado na Assembleia Nacional (não é do seu tempo, pois nasceu em 1975) era necessário não apenas ser fiel ao regime, mas ter uma certa idade e sobretudo qualidade. Infelizmente, Senhora Deputada Rafaela Fernandes, nos tempos que correm basta ser fiel e o lugarzinho, ali ou em outro qualquer lugar da Administração Pública acaba por ficar garantido. Até um dia!
Aceito, no calor do debate, que, por vezes, se cometa algum excesso nas palavras ditas. Já me aconteceu, mas, de imediato pedi desculpa. É o mínimo que se pode fazer. Talvez, por isso, prefiro elaborar todas as abordagens através de documento escrito. O que é escrito é reflectido e amadurecido e, portanto, assim se evitam as palavras azedas, malcriadas e ofensivas.
Ora bem, isto a propósito de umas declarações ontem proferidas pela Senhora Deputada do PSD, Rafaela Fernandes. Entre outras ofensas, a jovem Deputada, de 35 anos, deu-se ao desplante de considerar o Dr. Maximiano Martins, candidato a Presidente do Governo, de "o Judas da Madeira", o hipócrita, o "candidato auto-proposto" e responsável pelo "roubo de mais de 400 milhões euros à Região". Não é que constitua novidade esta forma de actuar, esta agressividade de uma jovem, neste caso perante um Homem íntegro, de 62 anos, Economista e com um currículo invejável. É evidente que as palavras classificam quem as profere. Eu sei que assim é, aliás, politicamente, é o que mais por aí se vê e ouve. Mas é grave, porque uma coisa é o debate sério, frontal, argumentativo, com substância, outra, a ofensa sistematicamente rasteira e muitas vezes ordinária.
Saberá, a Senhora Deputada Rafaela, a quem fica a dever-se a perda de 500 milhões de Euros da União Europeia?
Eu quando tinha trinta e poucos anos, olhava com respeito para os que transportavam o peso da idade e o conhecimento. Poderia até não concordar, mas havia uma distância e uma linha que nunca ultrapassei. A maioria dos da minha geração assim foram educados e assim se comportavam. Agora, não, qualquer fedelho na escola, ofende os professores, não cumprimenta e sente-se no direito aos comportamentos socialmente desprezíveis. Dir-se-á que é a Escola que temos que não educa. Confundiram, intencionalmente, escolarização com educação, acesso com sucesso, quando o sucesso envolve muitas outras variáveis que não apenas a conclusão de um curso, seja ele qual for mesmo com médias elevadas! Ainda hoje, no Diário, o Dr. Vitorino Seixas, refere, no seu artigo de opinião, Rubem Alves (pedagogo): "metáfora é quando olhamos para uma coisa e vemos outra". Pois, Senhora Deputada Rafaela Fernandes, olhou para o Dr. Maximiano Martins e viu outra coisa. Sabe, eu sou do tempo que para ser Deputado na Assembleia Nacional (não é do seu tempo, pois nasceu em 1975) era necessário não apenas ser fiel ao regime, mas ter uma certa idade e sobretudo qualidade. Infelizmente, Senhora Deputada Rafaela Fernandes, nos tempos que correm basta ser fiel e o lugarzinho, ali ou em outro qualquer lugar da Administração Pública acaba por ficar garantido. Até um dia!
Mas esta atitude compaginada com outras (no dia anterior foi o Deputado Bruno Macedo, outro nascido depois do 25 de Abril) explicam o nervosismo que paira nas hostes do PSD-M. Não vêm para a praça pública debater argumentos e projectos, mas tão somente denegrir a imagem das pessoas. Sempre foi assim. Ninguém presta, todos têm defeitos em demasia, só uns são imaculados, estão livres de toda a porcaria, são impolutos, virtuosos e abençoados. Mas olhe que não, Senhora Deputada! A sociedade é muito mais que 33 circunstanciais deputados comandados à distância, e nessa sociedade há muitos milhares que estão a seguir tudo isto, esta agressividade e esta forma de fazer política rasteira. O que posso dizer é que o sentimento que tenho é que o PSD-M está incomodado com esta candidatura e com uma eventual equipa que venha a ser desenhada e apresentada. Mas de uma coisa estou certo, em nome desta terra e em nome de um futuro que o PSD-M hipotecou, o Dr. Maximiano Martins não irá responder e não irá fazer desta campanha uma campanha de casos. Pode, Senhora Deputada, V. Exa. e todos os outros, vociferarem que não vão ter troco. Ficarão a falar sozinhos. A Região não aguenta mais esta agressividade, a prepotência, o quero, posso e mando, as obras tresloucadas, a pobreza, a exclusão, a miséria cultural sinónima, ainda, de obscurantismo, a Região não suporta mais a malidicência, uma dívida de sete mil milhões de euros, 20.000 desempregados e empresários aflitos. A Região precisa de políticos cuja visão ultrapasse o metro quadrado da cadeira e mesa da Assembleia Legislativa. Eu espero que isso aconteça em Outubro.
Ilustração: Google Imagens.
6 comentários:
Subscrevo. Infelizmente a educação e respeito foram coisas que se perderam. Tanto mais triste quanto em democracia essas são condições essenciais para a construção de um governo e de uma oposição saudável e construtiva. Em democracia não se podem por em causa as pessoas (isso é para a policia e os tribunais) nem as intenções (para a a consciência de cada um). Em democracia devem debater-se ideias e projectos respeitando as pessoas e acreditando nas intenções mesmo que discordando totalmente das ideias. Infelizmente prevalece hoje a teoria de que vale tudo para chegar a um fim. No que me diz respeito recuso-me a entrar nesse nível.
Obrigado pelo seu comentário.
Nem sabe quanto me soube ler as suas palavras. Às vezes dou comigo a pensar se estarei errado!
Uma vez mais, obrigado.
Caro amigo
Estou consigo.
Tive a pouca sorte de estar à frente da TV quando essa senhora deputada falou.
Tive nojo. Como é possível descer-se tão baixo?
Tenho pena dela. Porque, a longo prazo, o lambe-botismo exacerbado e aviltante como o dela, acaba sempre por dar péssimos resultados. Quanto mais não seja para a consciência da própria...
Caro André Escórcio
Nos meus tempos de estudante,em Lisboa,havia um Carroceiro que,um dia, nos disse: "Meninos, façam como eu; nunca trato por V.Exa. quem não me trata por Senhor."
Se o homem fosse vivo, talvez,agora,sentenciasse: "Um Senhor jamais trata uma carroceira por V.Exa." De facto,a bota não bate com a perdigota...
Obrigado pelo seu comentário.
Obrigado pela simpatia.
Absolutamente de acordo.
Obrigado, Caríssimo, Cor. Fernando Vouga.
Acredite que é uma tristeza ouvir gente jovem com atitudes desta daquela natureza.
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