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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

OS SINAIS DA POBREZA

A peça jornalística apresentada na edição de hoje do DN, da autoria do jornalista Óscar Branco, dá para reflectir em vários âmbitos de análise. Nada que, globalmente, não se soubesse, só que agora está clarinho e indesmentível. Escreve o autor que "(...) de acordo com os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística, no final do primeiro trimestre deste ano existam cinco mil e cem trabalhadores madeirenses a ganhar menos de 310 euros líquidos, ou seja, 5,13% dos indivíduos que trabalhavam por conta de outrém. Significativa era também a percentagem de trabalhadores madeirenses que recebem menos de 600 euros líquidos mensais que, segundo os dados avançados pelo inquérito realizado pelo INE, ascendiam, em finais de Junho, a 42 mil e 900 indivíduos (43,1% do total). Destes, um total de 37 mil e 800 trabalhadores recebiam entre 310 e 600 euros líquidos por mês".
Alguns dirão que se trata de uma situação que atravessa todo o País. Eu sei que sim. Mas isso não deixa de ser uma desculpa esfarrapada. Embora preocupe-me, não é a questão central. O problema é, fundamentalmente, regional e de um governo sobre quem recaem as responsabilidades pelas opções do modelo económico que a Madeira tem vindo a seguir. Se alguma responsabilidade existe é, inequivocamente, do Governo Regional da Madeira e das políticas que seguiu ao longo destes 32 anos de Autonomia. Políticas que não tiveram em conta o crescimento e desenvolvimento sustentáveis em todos os quadrantes de análise e pela fraquíssima aposta na formação escolar e profissional. O Povo, coitado, acreditou na mensagem de um homem que diz ter lido Keynes mas que o interpretou, como sublinha o meu Amigo Deputado Carlos Pereira, como empreiteiro e não como economista.
É por isso que temos pobreza, uma crescente legião de desempregados depois de momentos de ilusória abastança fruto dos milhões que entraram na Região pela porta da Europa, famílias dependentes da caridade e milhares de jovens com insucesso escolar e inadaptação profissional. O problema reside aqui, nesta Autonomia que não foi aproveitada com inteligência. O problema não é e nunca foi consequência da Lei das Finanças Regionais. Desta e da outra. Trata-se de um problema com três décadas, durante as quais não fizeram apelo à inteligência necessária para desenhar o futuro com consistência. A luta política foi sempre determinada pela eleição seguinte e não pela geração seguinte. As consequências estão à vista. E nós que poderíamos ser um exemplo para o País, evidentemente, com os nossos problemas, estamos hoje numa situação de catástrofe económica, social e cultural. Preocupa-me esta situação.

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