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sábado, 20 de junho de 2009

LÍDERES E LIDERANÇAS

Confesso a minha crescente preocupação no quadro da actividade à qual, em exclusivo, me dedico. Trata-se de uma actividade nobre, a política, mas para que ela assim possa ser caracterizada, há princípios, valores e competências que são determinantes, sem as quais a participação fica enfraquecida e sem sentido. Nunca gostei de me sentir mais um, muito menos um conivente, mais um que ali está, acomodado, tipo "timex" que não adianta nem atrasa. Ora, a lógica em que se fundam os partidos eu sei que é complexa, só que, sinceramente, começo a não ter paciência para aturar comportamentos estranhos, atitudes de prepotência e a mais completa ausência de humildade política.
Ainda ontem, alguém referia-me, insistentemente, "os militantes... os militantes... os militantes", como se pudéssemos entregar o partido à lógica do pensamento muitas vezes sectário e arrebanhado do militante, quando o que está em causa é a SOCIEDADE NÃO MILITANTE, são os milhares de eleitores que olham para um partido como INSTRUMENTO, como meio e não como fim, como esperança para uma vida colectiva melhor. Os militantes (e eu sou um militante) devem ter essa percepção, a percepção que estão ao serviço dos outros e que da sua desinteressada colaboração ao Partido poderá resultar o bem-estar da maioria. E a dele próprio, claro! Portanto, compete ao militante ter uma visão alargada do processo, possuir essa humildade e essa capacidade para perceber que um Partido não se esgota em 3, 4 ou 5 mil pessoas que constituem a sua base interna de apoio. Porque há muito mais POVO para além do Partido.
E isto envolve o mais humilde militante, do sítio mais recôndito da Região, até ao topo da hierarquia. E, neste caso, entre os do topo, há uma diferença substancial entre ser líder e ser chefe. Por essa razão, sigo, entre outros, Katzenbach que diz que o atributo mais comum que une os Verdadeiros Líderes é o facto de saberem como alcançar altos padrões de desempenho através da alteração dos comportamentos e das competências das pessoas. Um líder assume um compromisso com a mudança; evidencia coragem para desafiar as bases do poder e as normas; gera a auto-motivação e a motivação dos outros; demonstra capacidade de iniciativa para se mover para lá dos limites definidos. Enfim, um líder “acaba por ser uma pessoa que pela sua palavra ou pelo seu exemplo pessoal, influencia os pensamentos, comportamentos e/ou sentimentos de um número significativo de pessoas”.
Um líder não ofende, apenas elabora e comunica, de forma convincente, um caminho claro, adaptado e persuasivo; não exclui, une porque sabe apreciar a natureza da audiência; investe a sua energia ou canaliza a energia dos outros para a construção da instituição; exerce a liderança de uma forma directa ou, indirectamente, descobre uma forma de influenciar os outros pela verdade, pelo seu exemplo, pela respeitabilidade, pela tolerância e pela segurança, através de um discurso que demonstra profundo conhecimento sobre o que está a falar. Um líder não diz hoje uma coisa e amanhã outra. É por isso que há uma substancial diferença entre ser líder e ser chefe!

Aqui, sim, os militantes têm uma palavra a dizer. Porque o Partido é apenas um instrumento para chegar ao poder e implementar uma política. De resto, um partido não pode confinar-se a meia-dúzia de interesses pessoais. É por isso que estou cansado. Assim, NÃO!
Nota:
Os blogues, há sempre quem ataque os autores dos blogues, porque escrevem e dizem coisas que não são do agrado. O problema que nunca é equacionado é se um blogue é funcional ou disfuncional. O funcional ajuda a reflectir e parecendo destrutivo não é. A discordância funcional ajuda a instituição. O disfuncional é que é perigoso, porque, lentamente, vai corroendo os alicerces da instituição. Os conflitos têm estas características. O que é preciso é saber diferenciá-los, compreender e retirar as ilações necessárias.

3 comentários:

Sancho Gomes disse...

Bom texto e boa reflexão.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Infelizmente é um texto que não agrada a algumas pessoas. Mas é o que eu sinto.
Uma vez mais, obrigado.

António José Trancoso disse...

Caro André Escórcio
Antes de mais, queira aceitar as minhas felicitações pela correcta lucidez que esta sua reflexão contem.
Na qualidade de cidadão minimamente atento à situação política, do nosso País e desta Região,entendo serem preocupantes os desviantes rumos por que, um Partido,denominado de Socialista,tem optado trilhar.Tanto externa, como claramente transparece,internamente.
A Democracia sai fragilizada,se fragilizados forem os seus principais pilares.
Vai sendo tempo dos homens, sobre quem recai a responsabilidade de contribuir para a condução dos seus destinos, repensarem as suas prioridades:se as pessoais,se as da generalidade da população.
Quero acreditar que,nessa ingente, mas necessária tarefa, o meu Caro Amigo, não estará isolado.
Um abraço.