Ele arranja sempre uma lengalenga que lê muito concentrado na sua árdua tarefa de justificar o injustificável. No governo, certamente dirá o Presidente, nada melhor do que o Brazão para resolver isto!
Estrategicamente, o "debate" sobre o desemprego na Madeira foi marcado para hoje, dia 29, na esperança que os resultados do segundo trimestre, devido ao emprego sazonal, dessem uma ajudinha para justificar o descalabro que temos aí. Baixou, de facto, uns "pozinhos", mas a cifra anda pelos 15.000 nitidamente à rasca por um lugar que garanta a sobrevivência. Não estou expectatante quanto à posição que o Secretário dos Recursos Humanos assumirá. Para ele, sinceramente, não sei que contas faz, mas cresce o número de desempregados, mas a taxa ou se mantém ou decresce. Um fenómeno, não do Entrocamento, mas da Madeira Nova. É um case study, no quadro das ciências sociais e do trabalho, a possibilitar uma Dissertação de Mestrado ou, sei lá, uma Tese de Doutoramento. Ele arranja sempre uma lengalenga que lê muito concentrado na sua árdua tarefa de justificar o injustificável. No governo, certamente dirá o Presidente, nada melhor do que o Brazão para resolver isto! Tem jeitinho para a mentira política, e como a maioria dos desempregados já nem liga ao que ele está a dizer, pois bem, aquilo passa com naturalidade.
Esta manhã, ele lá dirá, com toda a certeza, que estamos a melhorar, nem que que seja uma centésima, que a culpa é do Sócrates e da oposição, que a crise internacional não nos deixa da mão, enfim, que o governo regional esteve sempre bem e que o problema é dos outros. O habitual. Não assumirá, estou certo, que a crise, na Madeira, já existia muito antes de 2008, ela vem de lá detrás, acumulou-se a partir de 2004 e atingiu o pico em 2010. Devido à política de não ter política, às megalomanias, à ausência de sustentabilidade das opções, ao modelo económico seguido, às loucuras de um crescimento que assentou sempre na premissa de que "com dinheiro faço inaugurações e com estas ganho eleições!". Ele não poderá assumir isso e resumir-se-á, certamente, àquele discurso nhe, nhe, nhe, ou, então, ao discurso das conjunções "mas, porém, todavia, contudo...".
Mas, atenção, quem esta manhã deveria estar sentado na bancada do governo, nem era o Secretário dos Recursos Humanos, pois tem a pasta mas não tem nada a ver com as políticas económicas. Ele só contabiliza números que lhe colocam à frente. A grande responsabilidade nem é dele, é do Vice-Presidente do Governo e, em última instância, do próprio Presidente do Governo. É ele que tem a responsabilidade política de várias direcções regionais, tem a tutela das Sociedades de Desenvolvimento, do Centro de Empresas e Inovação da Madeira, do Instituto de Desenvolvimento Empresarial, do Madeira Tecnopólo, enfim, de vários e importantes sectores e áreas determinantes na criação de emprego. Ele, os dois ou mesmo os três, com o Presidente incluído, deveriam responder aos Deputados, não apenas o Secretário dos Recursos Humanos. Será, portanto, até pela própria configuração do Regimento, imposto pelo PSD, um "não debate". Mas vai ter de explicar que números a Direcção Regional de Estatística anda a remeter para o Instituto Nacional de Estatística. E porque razão nunca se realizou uma reunião solicitada pelo grupo parlamentar do PS com a Direcção de Estatística. Por receio? A ver vamos.
Ilustração: Google Imagens.
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