Enquanto político e sobretudo espectador, desejo um Telejornal que, no final, sinta que foi bem construído, equilibrado e rigorosamente independente. Quando assim não acontece, meus senhores, é óbvio que cresce a desconfiança.
Segui o Telejornal de ontem da RTP-Madeira. Permitam-me os meus leitores o desabafo: isto, assim, NÃO.
Vi uma peça de um comício do PSD, em Santo António, na qual a RTP-M seleccionou três passagens da intervenção do presidente do partido e do governo regional (total: 01':56''). Falou de futebol, de Cristiano e Dany, enxovalhou a selecção nacional, depois teceu considerações no âmbito da economia e terminou, se me bem me recordo, com um ataque aos ministros do governo da República. Depois, numa peça seguinte, o presidente do partido social-democrata e presidente do governo, em peça isolada, voltou a falar de cima do palco, agora a própósito do Jornal da Madeira (+42''). Logo a seguir o secretário regional dos Recursos Humanos, sobre o Jornal da Madeira, em contraponto ao relatório da Entidade Reguladora da Comunicação Social, fez a defesa do governo (+29"). Neste processo esqueceram-se do contraponto através, no mínimo, da leitura do maior partido da oposição. O habitual.
Lá mais para a frente, ao Deputado, Dr. Bernardo Martins, do PS, que apresentou, ontem, uma declaração sobre a situação dos bombeiros madeirenses, a RTP-M "concedeu" uma passagem da sua intervenção (27'') em que falou da ausência de negociação e de conflito do governo com os médicos, os professores, os enfermeiros e, agora, salientou, ao que parece, deseja fazer o mesmo com os bombeiros. Os vinte e sete segundos não chegaram, assim, para passar as suas propostas para a solução dos problemas dos bombeiros. Isto é, ignoraram a parte mais significativa da sua conferência de imprensa. Isto, meus senhores, é CENSURA, clara. Basta ter atenção aos tempos das respectivas peças.
Decididamente, estes gestores e responsáveis estão ao serviço de alguém. Todos os dias, mas todos os dias, já não falo dos critérios de alinhamento, pois isso pertence à estrutura interna (dou isso de barato, apesar de ter a minha leitura), mas falo do equilíbrio, da isenção, da construção inteligente de tal forma que, no mínimo, se perceba o essencial do que se transmite. De uma forma distante, não sectária, não favorecedora deste ou daquele, mas numa atitude prestigiante e de respeito por todas as instituições. Estou a falar do serviço público de rádio e de televisão, não estou a falar de uma qualquer estão privada, embora, mesmo esses estejam obrigados a regras. Mais, ainda. Embora com a obrigação de serviço público, entendo que não são obrigados a comparecer em todas as iniciativas divulgadas pelos partidos políticos. Umas são importantíssimas, outras, porventura não, e sendo assim, o que me interessa, enquanto político e sobretudo espectador, é seguir um jornal que, no final, eu sinta que foi bem construído, equilibrado e rigorosamente independente. Quando assim não acontece, meus senhores, é óbvio que cresce a desconfiança.
Decididamente, estes gestores e responsáveis estão ao serviço de alguém. Todos os dias, mas todos os dias, já não falo dos critérios de alinhamento, pois isso pertence à estrutura interna (dou isso de barato, apesar de ter a minha leitura), mas falo do equilíbrio, da isenção, da construção inteligente de tal forma que, no mínimo, se perceba o essencial do que se transmite. De uma forma distante, não sectária, não favorecedora deste ou daquele, mas numa atitude prestigiante e de respeito por todas as instituições. Estou a falar do serviço público de rádio e de televisão, não estou a falar de uma qualquer estão privada, embora, mesmo esses estejam obrigados a regras. Mais, ainda. Embora com a obrigação de serviço público, entendo que não são obrigados a comparecer em todas as iniciativas divulgadas pelos partidos políticos. Umas são importantíssimas, outras, porventura não, e sendo assim, o que me interessa, enquanto político e sobretudo espectador, é seguir um jornal que, no final, eu sinta que foi bem construído, equilibrado e rigorosamente independente. Quando assim não acontece, meus senhores, é óbvio que cresce a desconfiança.
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