Importante, muito importante, é anunciar a entrega de dois carros aos bombeiros, uma visita do presidente do governo à Escola Profissional Atlântico, um secretário a dissertar sobre o pluralismo do Jornal da Madeira ou, um outro, a prometer pela enésima vez uns dinheiros aos "senhores agricultores".
Não deixa de ser interessante o facto de, a quatro dias (incluindo o fim-de-semana) do debate sobre o Orçamento Rectificativo da Região Autónoma da Madeira, permanecer um silêncio, eu diria, ensurdecedor, sobre esta matéria. Nem um debate está agendado. Um debate aos olhos de todos os madeirenses e porto-santenses, para perceberem o que está em discussão. Se aquele é o Orçamento possível, a "verdade" insofismável, ou se há ou não outras hipóteses e prioridades a corrigir no Orçamento Regional. Silêncio, salpicado aqui e ali com uma ou outra nota de circunstância, motivada por uma conferência de imprensa (quando entra no alinhamento...) ou qualquer outra coisa do género. Estranho? Obviamente que não. Importante, muito importante, é anunciar a entrega de dois carros aos bombeiros, uma visita do presidente do governo à Escola Profissional Atlântico, um secretário a dissertar sobre o pluralismo do Jornal da Madeira ou, um outro, a prometer pela enésima vez uns dinheiros aos "senhores agricultores". A propaganda está sempre em primeiro lugar em relação ao debate frontal, contextualizado, sério e profundo das matérias que realmente assumem uma importância colectiva.
O governo não vai à Assembleia, o Regimento da Assembleia condiciona a palavra e o "serviço público", pelo menos esse, encolhe-se. Há, de facto, aqui, uma manobra feita às escâncaras, como nunca aconteceu. Foi sempre apanágio deste governo bloquear a comunicação, mas nunca como agora. A rede está montada e a malha dessa rede cada vez mais apertada. Até quando, não sei. Certo é que quanto mais apertam maior será a tensão e, portanto, maior a probabilidade de rotura.
Ilustração: Google Imagens.
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