Libertar-se, custa muito. Substituir, na coluna, a "plasticina" política, por medula, corrigir a coluna das cifoses, lordoses e escolioses políticas, custa muito. Por isso muitos não se libertam, continuam a depender de terceiros para alcançar os seus objectivos pessoais e de família.
1ª "O Homem passa por três estádios: a fase da submissão, a do agrado, e por último, o da libertação. Isto é, primeiro o novel ser humano depende, em absoluto, de terceiros para realizar as suas finalidades, depois, terá de agradar a terceiros para alcançar os seus objectivos, por não ter independência económica e, só por último, pode dizer o que sempre lhe apeteceu mas não podia, ou seja, liberta-se". Há muitos anos li esta síntese escrita pelo Professor Mário Bacelar Begonha e, curiosamente, há dias, em um artigo de opinião publicado no DN-Lisboa, o Professor, que há muitos anos acompanho, regressou ao mesmo pensamento. Nada mais certo. Na política, também.
Talvez, melhor dizendo, na política é o sector de intervenção onde se descobre bem essas três fases. A passagem à última fase, porém, para alguns ou muitos, é assaz difícil, preferem se manter nesse estádio de inferioridade e de dependência, pois é essa que garante, em muitos casos, maior independência económica em função dos grupos a que pertencem. Libertar-se, custa muito. Substituir, na coluna, a "plasticina" política, por medula, corrigir a coluna das cifoses, lordoses e escolioses políticas, custa muito. Por isso muitos não se libertam, continuam a depender de terceiros para alcançar os seus objectivos pessoais e de família. É muito complicado, dir-se-á. Aprecio, por isso, aqueles que não quebram, que mantêm, com enormes custos pessoais e empresariais a coluna bem afastada de uma qualquer plasticina, produto que leva muitos a terem o nariz quase colado aos joelhos da subserviência. Andam por aí vergados mas cochichando pelas esquinas, falando dos malandros do governo, mas convivendo e fazendo a sua política. Para esses, da minha parte, bom dia, boa tarde e pouco mais.
2ª As recentes declarações do Presidente do Governo sobre aquela história da Revisão Constitucional, exactamente aquela em que ele assume que é claramente contra a que alguém seja despedido "sem justa causa", provocou-me uma gargalhada. É que, acto imediato, lembrei-me logo do caso da Drª Doris Marques, aquela Médica-Dentista que teve o "azar", não, a coragem, de dizer ao Secretário dos Assuntos Sociais, umas quantas verdades. Disse, pela manhã e, à tarde, já estava demitida. Na opinião do Presidente, "com justa causa", obviamente.
O caso da Drª Doris Marques é apenas um exemplo recente, mas há tantos e tantos, directa ou indirectamente despedidos. Pois bem, nesta matéria, entre o conceito do Dr. Jardim e o conceito do Dr. Passos Coelho, venha o diabo e escolha. Só que ele vende o seu produto conforme a onda e a audiência e assim vai enganando, politicamente, as pessoas. É com isto que temos de conviver, embora em contagem decrescente...
Ilustração: Google Imagens.
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