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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O MEU DESABAFO

Não me conformo com os resultados do PS-Madeira. Com todas as conhecidas vicissitudes regionais, apesar de todos os constrangimentos que impedem a criação de uma alternativa, com toda a engrenagem regional montada (e de que maneira!) confrange-me o facto do PS-M ter passado de 35% de votantes nas eleições de 2005 para 19,5% em 2009, o que significa passar de uma igualdade de deputados na Assembleia da República (3-3) para apenas 1, cedendo um lugar para o PSD e outro para o CDS-PP.
Este resultado, confirma que o PS-M está objectivamente sem rumo. Não vale a pena arquitectar desculpas. Eu conheço as dificuldades, eu sei e todos os que acompanham o dia-a-dia político sabem quanto difícil é fazer oposição na Madeira. Mas é possível fazê-la. E tanto assim é que o PS, ainda há poucos anos repetia, com alguma regularidade, resultados acima dos 30% o que significava faltar-lhe o clique final para ser reconhecido como partido preparado para a disputa do poder. Esteja eu enganado mas, por este andar, não se adivinham mudanças substantivas nas autárquicas, o que constituirá um novo e doloroso revés.
A Madeira precisa de um PS muito forte e consistente como de resto de toda a restante oposição, necessita que todos tomem consciência, no pleno respeito pelas diferenças ideológicas, que a nossa sobrevivência enquanto POVO não se compagina com egoísmos partidários. Particularmente o PS, serena mas profundamente, terá, com toda a urgência, de reunir em "conclave" e definir, objectivamente, o que pretende, isto é, se deseja continuar no jogo dos pequenos interesses internos ou se opta por um percurso de sucesso. Está aos olhos de qualquer pessoa que o PS precisa de credibilidade política e social e não é um qualquer que está em condições de disputar, em pé de igualdade, as eleições de 2011. A preparação dos próximos dois anos necessita de uma equipa de reconhecida qualidade política e técnica e de indiscutível reconhecimento social. E isto terá de começar no dia seguinte às eleições autárquicas. Todos são necessários, os que legitimamente estão dentro e os muitos que andam por fora. O processo político, o projecto de trabalho, a base programática, o entusiasmo e a credibilidade é que têm de mudar. Radicalmente. Como? Os órgãos do Partido que, soberanamente, os definam, todavia, com humildade, com cada um no seu lugar, sem falsas partidas, sem egoísmos, sem contagem de espingardas, sem ofensas e sem atribuição de culpados.
A Madeira está profundamente doente em variadíssimos campos do seu corpo social e as doenças de que padece carecem de uma substancial mudança nos actores políticos. E essa mudança só será possível quando o eleitorado interiorizar que estes senhores podem se ir embora porque há gente para os substituir. Só que isso só é possível com demonstração de qualidade e essa ganha-se com muitos meses de trabalho. Não se ganha na Assembleia Legislativa mas através de outros processos. E, felizmente, gente não falta para interpretar essa qualidade. A questão é pois interna, está nas mãos dos seus órgãos. De resto, o PS-M tem o exemplo dos Açores onde os socialistas deixaram-se de tricas e da gestão dos pequenos interesses e hoje, continuam no governo e, ontem, para as legislativas nacionais, voltaram a ganhar.
Em suma, os próximos dois meses serão absolutamente determinantes na vida interna do PS se, porventura, o Partido quiser apresentar-se em 2011 com a tal credibilidade necessária para disputar as legislativas regionais de igual para igual.

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