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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

PELA BOCA MORRE O PEIXE


Mas, independentemente, desta recorrente história em que o presidente do governo hoje diz uma coisa e amanhã outra, sempre em função do local, do momento e do que as plateias querem ouvir, a questão que se coloca é a de saber o que entende o presidente por "avaliação de desempenho". Entenderá, por exemplo, que a expressão é sinónima de "classificação de desempenho"?

Afirmou o Senhor Presidente do Governo Regional, com um ar convincente: “está absolutamente errado todas aquelas actualizações profissionais que se fazem apenas baseadas no tempo de serviço e que se baseiam apenas em antiguidade”. Porque, sublinhou, “podemos ter duas pessoas com o mesmo tempo de serviço. Uma ter sido um produtor emérito e outra passou uma vida inteira a tentar fazer o mínimo possível”. Exacto. Há anos que isso defendo: o profissionalismo, o rigor, a disciplina, a qualidade e a excelência. Qualquer pessoa sensata diria o mesmo. O problema é que foi a mesma figura que, sem os professores pedirem, atribuiu-lhes uma avaliação de desempenho positiva, isto é, um “bom” administrativo, durante três anos consecutivos, que se tornou em um amargo bombom, e disse mais, que os professores não precisavam de ser avaliados, mas sim os alunos. Um “bom” que acabou por não valer para nada, atrasou os direitos de progressão na carreira dos professores durante três longos anos, havendo hoje centenas que, desejando a avaliação, seja ela qual for, não progridem há cinco.
Que a classe docente acorde e esteja atenta ao paleio de circunstância que por aí vai acontecendo, não se deixando ir na lengalenga que vão cantarolando aos ouvidos.
Mas, independentemente, desta recorrente história em que o presidente do governo hoje diz uma coisa e amanhã outra, sempre em função do local, do momento e do que as plateias querem ouvir, a questão que se coloca é a de saber o que entende o presidente por "avaliação de desempenho". Entenderá, por exemplo, que a expressão é sinónima de "classificação de desempenho"? Ou tem elementos e um conceito diferente e actual no quadro de uma "CULTURA DE DESEMPENHO"? E saberá, o ainda presidente, o que é que significa e em que assenta uma cultura de desempenho? No seu conceito, bastará rotular, subjectivamente, em função dos bons ou maus humores de uma qualquer chefia ou ligação partidária, porque não, ou a designada cultura de desempenho assenta em outros contornos que não são passíveis de serem quantificados, embora o contributo seja relevante para a organização?
Ora, o que deduzo do que li, para além das incoerências discursivas, é que não tem uma ideia sobre esta matéria. Ele não tem, tampouco, no caso dos docentes, tem o Secretário da Educação e Cultura, a avaliar por aquilo que há meses se está a passar com os educadores e professores que trabalham na Região Autónoma da Madeira.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

MediocrePremiado disse...

Só um pequeno problema no seu comentário. Mesmo com avaliação, 95% dos docentes são BONS ou MUITO BONS ou até EXCELENTES.
Assim, com este sistema, não vamos longe e a progressão, como refere o presidente é "pelo tempo de serviço"...
E todos os docentes, bons, suficientes, mediocres e maus (ou não os haverá?) chegam sempre ao fim da carreira e vão para a reforma no escalão de topo.
Mais uma vez, provando que o preseidente tem razão. É pelo tempo d eserviço que se progride em Portugal (apesar da sua ex-ministra Maria de Lurdes ter tentado evitar isso).
Claro que o resultado do sistema é previsível: quem faz - ainda - alguma coisa rapidamente deixará de o fazer. É porque não valerá a pena. Quem trabalha e quem não trabalha chega sempre ao mesmo lugar...
Faça o paralelismo com o desporto. Quam treinaria com afinco se o trabalho e o esforço não fosse premiado?

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Eu compreendo, totalmente, o seu posicionamento. No entanto, porque defendo uma escola de rigor, de participação qualitativa e de excelência, considero ser possível e desejável a implementação de uma cultura de desempenho. Tem imensos contornos, de alguma complexidade, leva tempo para introduzir e consolidar, mas é muito mais eficaz. Enquanto um professor não assumir um "sentido de pertença" à instituição que o acolhe e paga, não classificação de desempenho que melhore os resultados do sistema. Há muitos estudos sobre esta matéria e o próprio sindicato dos inspectores assim advoga. É curioso, não é? Mas, como disse, este assunto é complexo. O meu Caro entrou e está disponível para discutí-lo, mas a maioria, na Assembleia, por exemplo, rejeita discutir. Eu tenho pena!