Adsense

domingo, 6 de março de 2011

D. FRANCISCO SANTANA, O BISPO CONDICIONADOR DA LIBERDADE


Entendo que D. Francisco Santana foi  um dos culpados pela situação política que enfrentamos, condicionadora da liberdade e da vida democrática culta e plena. E estou à vontade para o dizer porque Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo do Funchal, D. António Carrilho não é mais Católico do que eu nos princípios e valores que emanam do Evangelho, da Palavra de Cristo.

Politicamente, se calhar, deveria deixar passar em claro. Mas, confesso, não consigo. Acabo de ler as palavras ontem ditas por Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo do Funchal, D. António Carrilho. Falou do Bispo D. Francisco Santana como um homem de "lucidez e coragem" qual "bom pastor que defendeu intrepidamente as suas ovelhas" durante os "conturbados tempos da pós-revolução social e política" do 25 de Abril de 1974.
Ora, eu, como tantos, que conhecemos a História, pelo contrário, entendo que D. Francisco Santana foi  um dos culpados pela situação política que enfrentamos, pelo condicionamento social e pelos constrangimentos da liberdade e da vida democrática culta e plena. E estou à vontade para o dizer, porque Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo do Funchal, D. António Carrilho não é mais Católico do que eu nos princípios e valores que emanam do Evangelho, da Palavra de Cristo. Pode ser, indiscutivelmente o é, na prática, pela Sua função, nunca nos valores e no pensamento acerca da Vida e da relação com os outros. Somos iguais.
Pode D. António Carrilho falar de um dos seus antecessores como um homem de "bondade e de valores humanos invulgares". Fica-lhe bem e até acredito que sim. Não tenho dados que provem o contrário. Do ponto de vista político, alto, Senhor D. António, o Bispo Santana tem muitas e muitas culpas no cartório por tudo quanto fez e por tudo quanto não fez por uma sociedade livre dos homens e dos políticos que dela se servem. Eu tenho-o bem presente, pois acompanhei o seu Apostolado desde que regressei da guerra na Guiné (Agosto de 1974) até aos seus últimos dias (1982). Lembro-me do que se passou, das claras indicações de sentido de voto e da sua ligação ao poder liderado pelo PSD. Eu diria que a Palavra foi utilizada mais no plano político do que no plano de uma sociedade com valores, liberta seja lá de quem for.
Numa Missa pelos prelados já falecidos, há tantos e tantos que deixaram uma marca de doacção aos outros, de trabalho, muitas vezes não reconhecido, trabalho anónimo, que merecem a nossa vénia e a nossa lembrança como exemplos de vida, de desprendimento, de sacrifício e de entrega à solução dos problemas sociais. Que D. Francisco Santana tem essas qualidades, pois que sejam enaltecidas, mas quanto ao seu passado político seria de bom senso um certo ou total resguardo. A suspensão "a divinis" do Padre Martins Junior constitui, apenas, a ponta de um profundo icebergue.
Depois, considero estranha esta evocação de D. Francisco Santana, a pouco mais de sete meses de eleições regionais. Terá alguma coisa a ver com a outra? Espero que não.
Ilustração: Google Imagens.

6 comentários:

Espaço do João disse...

Meu caro André.
Não posso compreender como o poder religioso se sobrepõe ao poder político.
Quando da substituição do bispo Francisco Santana pelo bispo António Carrilho, ainda se esperou uma pequena mudança. Puro engano, o poder é algo ambicioso que nada mudou.
O Bispo Francisco Santana, escondeu e proporcionou aos madeirenses as maiores crueldades praticadas por ele e pelo governo Regional. ( Esqueceram o caso do Padre Frederico) que fugiu da Madeira a coberto da sua proteção?Esperava-se que o Bispo Carrilho desse uma pequena volta às mentalidades, mas, vai lá vai...
Que se meta a igreja no lugar da Igreja e a política no lugar da política.
Pensa a Igreja que ainda é a senhora da Inquisição? Estará à espera que um Marquês de Pombal volte ao poder?
Resignem-se à sua insignificancia e, deixem de meter o nariz onde não são chamados. É desssa maneira que querem angariar fieis?
Assim sendo, deixem o altar a AJJ.
Um abraço . João

Anónimo disse...

Excelente!
V.D´A.

André Escórcio disse...

Obrigado pelos vossos comentários.
Sinceramente, também eu esperava muito mais de Sua Excelência Reverendíssima o Senhor D. António Carrilho.
Quando chegou à Madeira, com um ar jovem e sorridente, depois de uns almoços no café Apolo, misturando-se com o Povo, acreditei que poderia ser diferente. Escrevi, na altura um artigo de opinião cuujo título foi "Carrilhar é Preciso!".
O dia-a-dia tem-me levado a um certo distanciamento. Tenho pena.

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Não sou religioso e nem me incomodo em saber se estou na categoria de ateu, agnóstico ou indiferente... É lá com eles (os homens da religião).

Quanto ao respeitável cidadão Sr. António Carrilho, chefe da Igreja Católica Madeirense, acho que, com as suas palavras, prestou um excelente serviço aos madeirenses. Clarificou, sem margem para dúvidas, que é um político e de que lado está. Para que ninguém tenha ilusões.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Nem mais.

Tiago Pinto disse...

O Bispo Santana nada teve a ver com o padre Frederico. D. Antonio tornou-se bispo do Funchal em 2007. Entre O Bispo Santana e o Bispo Carrilho o senhor esta a esquecer que houve outro bispo, o Senhor D. Teodoro Faria...