Quando, face ao contexto europeu, à pressão internacional e à fragilidade do País, seria sensata uma atitude de moderação e negociação, a fome de poder acabou por falar mais alto. Talvez se enganem, porque o Povo perceberá a marosca.
Por dever e obrigação política assisti a mais de quatro horas do debate na Assembleia da República. Retive duas importantes intervenções, as do Dr. Francisco Assis, líder do grupo parlamentar do PS na República. O único que tocou na ferida, que soube trocar por miúdos tudo quanto se esconde por detrás desta coligação negativa. Coligação de partidos para derrubar o governo em torno do PEC IV, quando tudo poderia ter sido negociado, em tempo próprio. Aliás, vi o Primeiro-Ministro, durante duas semanas, a apelar ao diálogo e ao bom senso, mas o assalto ao "pote", sobretudo por parte do PSD e na expressão do Dr. Pedro Passos Coelho, foi mais forte, mais irresistível.
Quando, face ao contexto europeu, à pressão internacional e à fragilidade do País, seria sensata uma atitude de moderação e negociação alargada, a fome de poder acabou por falar mais alto. Talvez se enganem, porque o Povo perceberá a marosca.
É evidente que estou em discordância com o Engº José Sócrates em muitos aspectos. Já o disse e já o escrevi. Quero um PS à esquerda e que não se confunda com a direita política oportunista que fala de valores sociais mas que rapidamente os esquece. Prefiro um PS que saiba negociar à esquerda e que não embarque em tudo o que essa Europa neo-liberal tenta e consegue impor. Mas também tenho memória que foi este Primeiro-Ministro que trouxe o País para valores de défice abaixo dos 3%, mantendo uma alta preocupação pelos dossiers sociais, e que só a crise internacional que afectou todo o mundo, as grandes e pequenas economias, fizeram disparar o nosso défice para valores preocupantes. E aqui chegados, pergunto, para além de uma ou outra medida importante e que recolhi do debate, perfeitamente negociável, o que restou? Nada. Apenas combate político, deixando o País numa situação muito complexa e muito mais frágil.
Neste processo não posso aceitar a posição do Presidente da República. A sua não intervenção deixou transparecer conluio com a sua costela política. Ele tinha a obrigação de estabelecer concensos, de exercer a sua influência, de trabalhar no sentido dos alertas que se tornavam necessários. Mas, não, deixou o marfim correr, ao seu jeito, de pessoa que nunca tem nada a ver com o assunto e pronto, a crise está instalada, com o País, no mínimo, três meses a meio gás. Posso estar enganado, mas das próximas eleições nada resultará de substancial. O País parece-me claramente dividido, com todas as possibilidades do Engº José Sócrates concorrer e voltar a vencer. E se perder a história manter-se-á, na Assembleia da República, certamente, com um governo minoritário. Num quadro destes, ganharemos alguma coisa com isso?
Ilustração: Google Imagens.
1 comentário:
Meu Caro André
Guardado está o bocado para quem o há-de roer.
Era assim o ditado!
Esta gente é de memória curta, vejamos se o FMI volta a fazer como fêz da última veeve. Quem sair do país levará unicamente 5€ para gastos extras. Pena que os barôes assinalados já tenha a sua maquia em lugar bem seguro. Resta-nos esperar até ver o que esta rasca oposição tem para nos oferecer.
Estou convencido que desde Vale e Azevedo, passando por Dias Loureiro e quejandos , incluindo Cavaco e Maria, já poucas razões têm para se lamentar.
São daqueles :- Com meu vestido preto, não me comprometo...
Um abraço. JOAO SOUSA
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